ERA UM DIA DE SOL >>> NÁDIA COLDEBELLA
Nem sempre as más notícias chegam em dias chuvosos, frios, úmidos. Elas não ligam muito para clima e horário. As vezes avisam sutilmente, as vezes não.
Outras vezes fazem anúncios retumbantes: a pessoa no leito de morte respira diferente. O ar não sustenta, o corpo padece, a vida não aguenta.
Os leitos de morte são camas de hospital, mas também corações profundamente feridos, esperando um ponto final.
Um estado interminável que vai acabar. Uma agonia eterna, que pode perdurar horas, dias, semanas, meses. Haverá um fim.
Enquanto isso, aquela vida fica no limbo, aguardando uma direção.
E a vida de fora tenta ser vivida, mas os sentimentos se arrastam, as memórias não se lembram, os olhos se perdem no vazio iluminado pelo sol calorento. Esperando.
É que as más notícias ficam suspensas. Pairam acima de nossas cabeças, prontas para arrebentarem. Como balões cheios de ar.
Ontem era um dia de sol. A má notícia pairou. Hoje o dia amanheceu ensolarado. Ela chegou mais perto.
A notícia da cama de hospital. E a do coração ferido.
Talvez no entardecer ela estoure.
E quando a noite chegar, seja no corpo, seja na alma, alguém se debruçará sobre a escuridão que, por uma pequena eternidade, cegará sua mente.
Até o amanhecer estar pronto. Será frio e chuvoso, cheio da vontade de ficar na cama mais um pouco.
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