A GUERRA É UMA VAIDADE>> Carla Dias
Ser um na multidão não lhe causa qualquer espasmo emocional, apenas esmorece atitudes, as cala, com o fim de torná-las despercebidas. Não quer se tornar remanescente de probabilidades, gestor de desperdícios, tampouco desfrutar dos utensílios de um cotidiano de incertezas. Quer escolher e que suas escolhas prevaleçam; e elas serão certeiras, capazes de marcar, na história da humanidade, a sua passagem, e com a elegância de quem não esperneou na fila do reconhecimento.
A guerra travada exige paciência para se expandir em vitória. A coreografia dos gestos orquestrados pela rotina se tornou uma lida contemplativa. Há de chegar o momento em que sua luta engravidará de prelúdio, esticando-se até alcançar o caminho inevitável. E ao chegar ao onde, poderá se despir das convenções e atualizar os desejos, desengavetar planos. E muitos o servirão sem o peso do questionamento, responderão ao seu poder com a diplomacia indispensável aos subalternos.
Não há noite em que não pense no dia em que olhará para o mundo como se reconhecesse um filho. E o educará, a sua semelhança. E o desafiará, na medida da sua visão. Tem esperança, mesmo se negando a dedicar a ela qualquer grau de confiança. Tem esperança, porque senti-la o desafia a ampliar o alcance de seu olhar; a coibir surpresas; a desqualificar a sedução inerente às buscas protagonizadas por sobreviventes.
Sabe que o mundo há de aceitar a sua existência, e com gratidão, mesmo que tal aceitação seja gerada pelo medo. O mundo pensa diferente.
Comentários
Estou aprendendo mesmo a andar com elegância, seguir o ritmo, silenciar e esperar o timing certo para que as minhas escolhas prevaleçam. Tem um ditado que diz: depois da hora mais escura da noite, vem o amanhecer. Mais que isso, é como disse Clarice Lispector: "Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome".
Coube como uma luva.
Bjs