DIÁLOGOS >> whisner fraga
cultivo este prazer de ouvir conversas alheias,
escutava os velhos mineiros com seus tantos causos (e diálogos) e qualquer audiente bastava,
eram tamanhas inteligências linguísticas!,
em ituiutaba nada de truffaut, chabrol, bergman: no cinema só blockbuster,
no vhs assistia a outros filmes, anotava os colóquios: palmas para os roteiristas:
1. era uma vez no oeste, de sergio leone,
charles bronson (harmonica) provoca jason robarts (cheyenne):
- então sabe contar até dois!,
cheyenne levanta a arma até o rosto de harmonica e responde:
- até seis, se for preciso! e talvez mais rápido do que você.,
ah, bernardo bertolucci,
2. ladrão de casaca, de alfred hitchcock,
cary grant (john robie, o gato) é um ex-ladrão de joias, silencioso e rápido na subida em telhados, é acusado de vários assaltos e precisa fugir do restaurante do amigo bertani (charles vanel), onde a polícia chega para caçá-lo,
bertani pede a danielle (brigitte auber) que ajude o ex-larápio:
- leve o sr. robie até o beach club!, o que está esperando?, faça o que lhe pedi, rápido!,
danielle replica: ok, sr. gato, vamos!,
robie reclama: danielle, por favor, não me chame assim,
ela, toda preparada: só faço um favor por dia,
3. teorema, pasolini,
odetta (anne wiazemsky) fala ao visitante (terence stamp):
- a dor de perder você provocará em mim uma queda, mais perigosa que o mal que havia dentro de mim antes de minha breve cura causada por sua presença, eu nunca tinha conhecido este mal, mas agora sim, através do bem que você me fez, me conscientizei de meu mal,
ok, este foi quase um monólogo,
mas lindo.
------
imagem: dall-e. charles bronson comendo um prato de feijão.
Comentários