CÉU DE VIDRO >> Cristiana Moura
Cinco e trinta da madrugada. Acordei com falta de ar. Narinas e sinus permitindo, sem abundância, a passagem de ar. Com um esforço a mais que o do dia a dia levantei-me. Fiz, lentamente minha higiene, tomei alguns cuidados destes que tomamos em alergias e síndromes gripais.
Fiz um café, sentei- me na varanda mirando o prédio que, há alguns anos, não estava lá. Vi apenas mais um prédio. Olhei para o céu, hoje, nem tão azul. Vi o céu nem tão azul. Já não sei se me falta o ar, ou a poesia! Ora que preciso de ambos para respirar. Deparei- me com esta obra do artista Diego de Santos que faz parte da Série intitulada Céu de Vidro.
Diego olhou para o céu e viu o que não estava lá. E, a partir de então passou a estar — a invenção do artista. Meio que numa surpresa, meu corpo começa a ganhar mais energia ao mirar o céu de Diego. Aos poucos, tomo-lhe emprestado e o seu céu, que passa a ser meu também. O céu de vidro translúcido para o vôo do pássaro. Imagino também, um céu frágil, que pode quebrar, do qual há de se cuidar.
Respiro melhor. A vida pode ser frágil, sútil e transparente como o Céu de Vidro que agora também é meu. Seja com a delicadeza do céu, seja com as entrelinhas da vida de cada pessoa, o cuidado é , por certo, revolucionário. Ao artista, agradeço a partilha do céu que soube ver, inventar e doar para o mundo. Cada artista doa a si mesmo à cada pessoa que abre, verdadeiramente o coração!
Sigamos em passos fortes e leves por um possível tempo da delicadeza sob céus, sejam estes azuis ou de vidro.
Imagem: obra do artista Diego de Santos, da Série CÉU DE VIDRO.
Comentários
"Narinas e sinus permitindo,sem abundância,a passagem do ar".... perfeito.
Vc sabia que o conceito de azul é recente na humanidade? Sabia que até há algum tempo atrás, quem olhava para o céu não o definia como azul, mas transparente? Seja como for, dizem que crianças muito pequena vêem ainda o céu assim...
Talvez a inocência e o coração aberto permita que a gente olhe as coisas apenas como elas são, né?
Límpidas, transparentes..
Gde bjo!