O PODER DO QUE NÃO É DITO >> Clara Braga
Há alguns dias, um texto me chamou a atenção pelo seu título: o poder do que não foi dito. Não lembro se era exatamente isso, mas despertou minha curiosidade e eu fui ler.
O texto falava sobre a tragédia que aconteceu no primeiro dia do show da Taylor Swift aqui no Brasil e o incômodo que seu silêncio sobre o caso nas noites seguintes causou.
O texto mexeu forte comigo, pois a situação foi cruel em muitos níveis e, embora não seja culpa da artista, é preciso ter maturidade e coragem para enfrentar as situações nas quais estamos envolvidos.
Quando eu era adolescente e comecei a estudar música, eu quis ser famosa. Hoje me questiono se sou boa o suficiente para ser exemplo para os meus filhos, imagina a pressão de ser um modelo visado e idolatrado por milhares de pessoas.
O peso da fama é alto, mas são nesses momentos que a gente vê a grandiosidade de um artista. O que vale mais, encarar que uma tragédia aconteceu e homenagear minimamente uma pessoa que te idolatrou ou passar para os demais fãs a mensagem de que é isso, coisas ruins acontecem, mas o show deve continuar?
O discurso do que não é dito não preserva a imagem de ninguém, para mim, um discurso não dito grita alto: quanto vale uma vida diante dos números assustadores que essa turnê alcançou?
Não sei como tiveram coragem de questionar o adiamento de uma das datas quando, para mim, as demais datas também deveriam ser canceladas até que alguém fosse responsabilizado pela tragédia.
A falta de empatia geral me deixou muito mal, mas no fim, a verdade é que fui muito leviana, afinal, pessoas lucram em cima da vida de outras há tempos e ninguém se choca mais com isso, por que agora seria diferente?
Comentários
E o questionamento da Clara causa arrepios: aposto q nenhum fã ia querer o cancelamento. A morte de um não afeta a vida dos outros. Desesperador. boa reflexão, Clara, chocante.