FADIGA E POESIA >> Cristiana Moura
Um cansaço.
Tamanho cansaço não há de ser, simplesmente, oriundo de um dia ou semana de trabalho puxados.
Ela respira fundo, se deita no sofá amarelo que mal a cabe, se perde em pensamentos intrusivos dos mais variados. É fadiga tal, que mesmo o corpo deitado como se em repouso, não passa. Deve ser a tal crise da meia idade? Perguntou a si mesma.
Foi quando ali, deitada, deparou-se com um trecho de Adélia Prado: “Eu quero uma licença de dormir, perdão para descansar horas a fio sem ao menos sonhar a leve palha de um sonho.”
Sem precisar compreender mais nada, cochilou.
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