INFÂNCIA >> whisner fraga
paro em frente à porta e ouço a guitarra, às vezes o baixo,
quero proteger aquela alegria das garras do mundo,
é uma infância já abandonando os dedos perseverantes nas cordas,
e isso não é ruim, é apenas o tempo entrelaçando histórias,
da música jorra um viço natural, abundante e assim descubro a criança, essa fabulação tangível, esses ensaios,
de vez em quando é preciso acalentar essa meninice em nós, também,
olhar aquele desvario engastalhado lá no fundo e trazê-lo à tona, recuperar a vontade da pausa,
às vezes uma leveza contamina o dia,
não é sempre, sei que a menina tem suas dores,
eu até sacrificaria tudo para que não as tivesse, jamais,
jamais,
de vez em quando um amigo se lembra de mandar uma mensagem, nada urgente, nada importante, apenas a lembrança, mesmo,
eu não vejo, mas ela deve sorrir,
por enquanto parece feliz,
e só quero que ela se proteja das garras do mundo.
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Foto de József Kincse para o Pixabay.
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