O ESPELHO DO HOMEM >> André Ferrer
Desde a década de 1940, as guerras movimentam muito mais do que tropas. Um pelotão de políticos se reúne em nome da paz e o seu fracasso, invariavelmente, soa como se a guerra não guardasse relação alguma com a política que pratica. Suas críticas à guerra, tecidas com o fio de uma lógica, em si, belicista, dificilmente surtem efeito.
Com as guerras em curso, não é diferente. Nenhuma conversa dá resultado. Até mesmo as propostas aparentemente melhores chocam-se umas nas outras como se fossem provocações. Todo o mecanismo da política internacional construído até agora parece paralisado na Segunda Guerra. A ONU, um dos maiores atos humanos contra a guerra, deteriora-se em falso moralismo.
Também há um aspecto individual nessa complexidade. O ser humano fracassa nas negociações de paz porque cada indivíduo vive a sua pequena guerra. Um animal naturalmente responsivo e violento, decerto, experimentará dificuldade no estabelecimento da paz. Toda crítica à guerra é, no fundo, uma crítica ao ser humano.
Inutilmente, os líderes do mundo reúnem-se contra a guerra naquele clima de faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço. A guerra está no DNA da política e isso pesa nas negociações. Por mais sofisticada que seja a tentativa, o ser humano fracassa. Quando critica uma guerra (ou tenta fazê-lo), acovarda-se porque se olha num espelho. É por isso que não se vê eficácia na crítica da guerra. Há muito pouco do que se orgulhar no histórico das reuniões pela paz.
Comentários
Quem declara guerras, não as luta.
Morrem meninos fardados, incapazes de entender os motivos de sua própria morte.