ATALHO >> Carla Dias
Tem certeza de que a coragem é atalho. É resolver a situação na pressa ou ao gosto da exigência de terminar logo. O relógio grita, melhor sair correndo, mesmo sem ter ideia se haverá parada. Porque chegar é para poucos, então, não há motivo para analisar a agonia, que é sentimento nascido para tentar convencer - quem por ele é consumido - de que há ruminação a ser feita. Sabe que ruminar raramente ajuda; tem a ver com compreender e a compreensão é atalho. É esconder à vista, para então passar reto, exercitando a indiferença, e assim, calar a responsabilidade. Pois a culpa é atalho. Analisá-la é ajustar a fragilidade, feito roupa nova um número maior. Nutrir o apreço é enfeitar tragédias, revitalizar continuamente o engano de criar conexão e permitir o deleite. A felicidade gerada por ele é atalho, recurso que desvaloriza a solidão, item necessário para um gerenciamento de tempo que atende a necessidade do estar sempre à disposição... de quem? Do quê?
Imagem: Marisposa Negra © Graciela González Duque | Ferthewriter, CC BY-SA 4.0
Comentários
Essa agonia (angústia?) eu conheço e mesmo com coragem, não consegui chegar a lugar nenhum. Nesse caso, atalho não vira caminho? Fico pensando se é pra gente chegar mesmo em algum lugar...
Eu aqui te lendo,fazendo textoterapia logo de manhã...
Bjos, querida!
Zoraya, desconforto é o que alcança quem não se dá muito bem com atalhos. Quando se trata da vida, sentir desconforto é saber que se é capaz de questionar o que nos entorta.
Albir, e não é que, mesmo fugindo lindamente, elas sempre nos alcançam?