A HISTÓRIA DE UM DESCUIDO >> SORAYA JORDÃO
Quando teus dedos tocaram a superfície do meu corpo, despertei da escuridão do silêncio.
Deixei-me abrir como quem pula do penhasco na busca de abraçar a leveza do fim, sem freios.
Entrega e espera. História e vazio. Início e fim.
Almejei um lugar na tua rotina, um pouso no teu colo, um espaço no teu dia.
Desejei meu nome em teus lábios, meu corpo nas tuas digitais.
Não há ousadia maior que habitar o ser amado.
Delirei a eternidade, não um lugar empoeirado em tua estante.
Todo livro arde a ânsia de ser possuído.
Abre-me, Sésamo.
Não me condenes a mofar no cárcere de uma bela capa, na prateleira decorada de tua existência.
Abre-me, Sésamo!
Leia meus segredos, rancores, amores e silêncios.
Empresta-me. Doa-me.
Deixa-me viver na pulsação dos teus cílios.
Só não me consagres ao teu letal desinteresse.
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