CRENÇA MAL-AZEITADA >> André Ferrer
O azeite de oliva está mais caro e desapareceu do supermercado. O quê? Você não acredita? Acho bom acreditar, pois eu estou a um passo de odiar você. Ora! Quem não dá a mínima para azeite de oliva é tão escroto quanto quem não acredita nas mudanças climáticas. Eu gosto tanto de azeite de oliva que o preço elevado e o sumiço do produto têm competido com o calor, por aqui, no quesito incômodo.
Ainda este ano, teve espanhol fazendo procissão pela “lluvia”. Resultado: o produto ficará ainda mais escasso e os preços estarão maiores também em 2024! Tudo porque ninguém ouviu as preces dos espanhóis. Ou (para ser menos fantástico) tudo porque o caso climático jamais é levado a sério pela humanidade. Nada muda. Só piora. Minhas crenças, naturalmente minúsculas, entrarão na escala dos ângstroms assim que o próximo ano começar.
O problema é universal e extremamente pessoal. Além de ser obrigado a consumir menos azeite de oliva, estou sentindo na própria pele o mesmo tipo de calor que destrói safras inteiras na Europa. Calor e credulidade. Tudo o que eu mais odeio nesta vida. Além de você, é claro, que nega o superaquecimento do planeta.
A normalização da crise climática passa pela crença de que se trata de um problema distante. Então, por que diabos essa “distância” permite que eu fique sem azeite de oliva e sinta este calor infernal? Ora! Tem coisa errada aí.
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