ÚLTIMO ABRAÇO >> Fred Fogaça
A cidade dorme: há uma única janela acesa e não é a minha. O chão manchado de todos os santos, eu evitando pisar pra não marcar o piso e pra que? A inocência derramada no confuso de um pensamento, a culpa dissipada pela extensão duma estrutura pontiaguda e agora um desmensurado todo de ódio sem fim, eu já não sei mais conseguir. Há uma janela acesa e sei que não tem ninguém, que de vingança não (me) apeguei - quis descobrir o que era tarde demais e a cidade aguarda: me tornar o que resta de mim. Deixo cair da mão a culpa, caminho sobre a inocência (irreparável) até a ventana, a precipitação é evidente, deixei me corromper até ali - há uma única janela acesa é a sua - só que talvez meu salto nunca alcance a sua luz.
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