APESAR DA VIDA >> André Ferrer
IMAGEM (detalhe): Francisco de Goya, Saturno Devorando Um De Seus Filhos |
Em agosto de 2012, comecei a publicar as minhas crônicas neste espaço. Uma década salpicada com ausências e períodos de produção ininterrupta. Queria, primeiramente, ler todo esse volume de publicações para verificar se os silêncios — quase sempre indícios de minhas crises — valeram um passo afrente, que fosse, um centímetro que fosse de avanço quando eu tornava à carga. Descobri mais do que desejava.
Nos últimos dias, li alguns textos na sequência em que surgiram no Crônica Do Dia e tive a boa impressão possível. O bastante, pelo menos, para fugir do autovitupério.
É quando temos a sensação de mudança interna que, de fato, podemos experimentar uma felicidade madura, mas raramente o ser humano — devorado ou prestes a sê-lo pela rotina — possui um registro passo a passo à mão. Algo como um spoiler do relatório de São Pedro ou coisa assim. Por isso, recomendo tal aventura aos colegas de página. Foi como correr um portfólio.
Mais importante do que voltar melhor depois de cada ausência — e, não raro, a palidez do texto de retorno foi o que mais me fez apresentar um segundo um pouco melhor — é o gráfico das idas e vindas. O meu sísmico existir, que não é menos humano devido a esta metáfora geológica — única encontrada neste momento de escrita.
A propósito, só percebi que estava atrasado, às 19:34 horas — tendo começado a escrever em torno das 17:00 horas. Hoje é dia de crônica no Crônica Do Dia. Dia de mais um texto meu — apesar da vida — figurar neste significativo portfólio de silício.
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