NOMES >> Sergio Geia
Escrevia uma crônica, quando lembrei de Ariano Suassuna. Ou não.
Eu enxergava a cena: ele vestia um casaco preto, camisa vermelha de mangas compridas por baixo, homens engravatados e mulheres chiques no auditório do Tribunal Superior do Trabalho. Entre tantos casos pitorescos, dizia que a mulher, anfitriã de um jantar, dividia a humanidade em duas categorias: quem havia ido à Disney, e a esses eram devidas todas as deferências, e quem não tinha ido à Disney. Como ele nunca havia saído do Brasil, estava lascado.
Eu me lembrei de O Auto da Compadecida. Lembrei de Matheus Nachtergaele, isso mesmo, Nachtergaele, com toda a dificuldade de pronúncia, me lembrei de Selton Mello. Não só das cenas. Me lembrei do nome dos personagens, de João Grilo, Chicó, Rosinha.
Quem disse que eu me lembrava daquele “simples” nome, Ariano Suassuna? Simples com aspas mesmo, e você me entende. Mas para quem lembrou de Nachtergaele, não iria lembrar de Ariano? Um nome que tantas vezes acessei fácil, como se estivesse gravado na memória com tintas que não apagam; pelo jeito, desbotam.
Carla Dias me consolou. Com ela também falhei. Confundi o título de dois contos meus, olha o nível. A menina da praia e A mais linda do baile. Citei “menina” nos dois, me esquecendo de “mais linda”.
Estou igual, disse-me Carla. Outro dia esqueci a palavra “cardiologista”. Precisava marcar consulta, não lembrava. Da flor que mais gosto, a astromélia, tenho dificuldade enorme em lembrar o nome. Deve ser excesso de informações, Sergio, o ritmo acelerado, não encana.
Não encanei. Pelo menos naquele dia.
Terminei o papo e fui chupar manga. Já viram como andam docinhas?
Comentários
E o comentário do Dom Albir....hahahah