O NEM-NEM E A ESCADA DE JACÓ >> André Ferrer

Ontem, li uma matéria relacionada ao tema trabalho e, então, sorri. Era uma das tiradas do meu pai caindo-me sobre a cabeça.

O velho foi maçom de 1981 até 2018 quando faleceu. Naturalmente, ele empregava diversas metáforas maçônicas enquanto abordava os assuntos do dia a dia. Na sua maioria, essas figuras envolviam ferramentas e trabalho.

O artigo que eu li tratava da chamada Geração Nem-nem: a dos jovens que “nem” estudam “nem” trabalham. Dizia que tal categoria da população só faz crescer no Brasil enquanto diminui na maioria dos outros países. As estatísticas, invariavelmente, só confirmam o que os olhos de todos vêem sem método ou esforço.

IMAGEM: Px Here

A metáfora que o meu pai usaria para tal assunto é a seguinte: “Todos querem pisar no último degrau sem ter pisado no primeiro”. Quem conhece a história da escada de Jacó e o seu simbolismo compreende perfeitamente. Sim. Eu sei. Essa ideia flerta bastante com o mérito e deixa de lado o campo dos sonhos, algo muito importante quando se é jovem.

Hoje em dia, a juventude é bombardeada com suplementos que tornam os sonhos estratosféricos. São supersonhos como o de se tornar um youtuber milionário, um jogador de futebol bilionário ou ser um multimilionário fazendo seja lá o que for. Quando a minha geração sonhava, conservava certos lastros de realidade que os jovens de hoje não têm. Assim, eles voam, mas a maioria deles fica empacada. Não faz o básico. Não enxerga a escada. O que dizer dos degraus?

Comentários

Jander Minesso disse…
Bela reflexão, André. Agora que dobrei o cabo da boa esperança, vejo muita gente nova chegando no trabalho com muito pique, mas pouca paciência. E, com as redes sociais editando a vida e mostrando só os sucessos, acho que o sofrimento só aumenta. Isso sem falar no tal do FOMO. É tanta necessidade de deixar todas as opções disponíveis que o resultado é essa inação.
Ana Raja disse…
Tudo é imediato. Ninguém aceita mais o caminho consolidado na paciência.

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