NOVIDADE >> PAULO MEIRELES BARGUIL
"Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não para
Não para, não para"
(Cazuza, O tempo não para)
O cérebro humano adora e precisa de novidades.
Não precisa arregalar os olhos, nem interromper a leitura agora, tampouco achar que mudei de lado: não defenderei o consumismo.
Conforme nos ensinam inúmeras pesquisas das últimas décadas, nascemos com poucas conexões nervosas, as necessárias para a sobrevivência.
As demais são criadas a partir de estímulos recebidos, por todo o corpo, em um processo assaz complexo, cujo entendimento a Humanidade ainda está construindo.
Quando as informações são novas, o hipocampo – que fica no lobo temporal do cérebro, os demais lobos são frontal, parietal e occipital – as transforma, mediante inéditas sinapses (ligações eletro-químicas entre neurônios que acontecem por meio de neurotransmissores), em novas memórias.
Contudo, quando aquelas são repetidas e já existe uma solução satisfatória, os neurônios pouco trabalham: apenas repetem o caminho conhecido.
A monotonia sinaliza que um contexto não oferece oportunidades de aprendizagem, seja porque ele é conhecido, seja porque não há interesse de (continuar a) entendê-lo.
Não defendo que sejamos aprendizes vorazes, incapazes de diminuir a velocidade ou, até mesmo, de parar.
Em tempos de excesso de informação, é imprescindível aprender a administrar as cobranças, internas e externas, sob pena de preterir a finalidade da jornada.
A alternância de ritmos é salutar e, por isso, precisa ser experienciada.
Quando entrar de férias, por favor, não invente de fazer ginástica cerebral...
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