O FIM JÁ FOI UM COMEÇO >> Ana Raja
Acontece de estarmos enganados. Então, vem a explosão do simples, oferecendo experiências carregadas de significados. O assombro nos coloca em suspenso, exige nos tornarmos atentos a nós mesmos.
Um vento fresco tira o peso de um momento que, ao marcar o fim de algo, nos prepara para o desfecho. Daí nos toma uma vontade boa de chorar, de bailar, de nos trancarmos no quarto e ficarmos olhando para o teto, na companhia do esquecimento. Impossível é esquecer o caminho. Ele não foi ruim. Alguém disse “está pronto não tem mais o que fazer”, permitindo a finalização do processo, sentindo orgulho do que foi “criado”. Com delicadeza, joga palavras de esperança no ar.
O “criado” fica martelando na cabeça, e, enlouquecidos, saímos à procura de sinônimos: gerado, concebido, formado, originado, parido.
Um riso contido surge junto com duas lágrimas. A voz embargada deixa escapar o som de um suspiro de alívio. Mais calmos, conseguimos visitar o começo de tudo.
Quantos e tantos nos acompanharam até esse fim? Agora, o riso é largo, a roupa para a próxima ocasião está pronta.
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Imagem © Jan Olesen, por Pixabay
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