A MORTE >> whisner fraga
uma imobilidade vai se adensando, o frio avança pelas trincheiras,
a notícia persegue, não importa o quanto me esquive:
meu amigo morreu,
ligam três vezes, não atendo,
assim, nada pode acontecer, sem meu conhecimento, sem o solene comunicado, não há morte e o amigo ainda sorri, caminha, narra seu habitual encanto com alguma descoberta,
alguém digita uma mensagem, o fato me cerca, não leio, desligo o celular, desligo tudo,
preciso de alguns minutos,
preciso que a normalidade ataque outro homem menos comprometido com a dor,
mas não é sobre mim,
então me reconecto ao mundo e descubro que meu amigo morreu.
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imagem: pixabay, sem atribuição requerida.
Comentários
Seu texto é doloroso e necessário.
Sinto muito mesmo.
Como ensina Nádia: eu sinto muito!
Meu Deus, como todos os que perderam alguém amado sentem isso, precisam disso, e nao conseguem exprimir. E vc o fez linda e tristemente.
O que dizer? Sinto muito, Whisner.