GENTE QUE NÃO (EN)CAIXA << Cristiana Moura
O ser humano é mesmo assim: tende a querer segurança. Quer mudar e nem sempre quer mudança. Eita bicho esquisito é esse bicho gente! Tem essa gente que gosta de ver outras gentes em caixas. Quer se ame a caixa ou não, se for caixa, bem fechada, bem vedada, já é algo — som de segurança. Que segurança é essa?
Mulher negra, bisexual, mãe de Gabriel, ex-esposa de Nauplio, avó de Miguel, sogra de Raisse, namorada de Alessandra. Essa sou eu.
Ah, minha gente bonita, me deixa gritar! O amor não depende dos órgãos genitais que você carrega! Pois é, é possível. Vocês tem medo? Talvez. Temor de macular a tal monogamia. Receio, traição, fantasias.
Meu povo, amar tem genitália fixa não! Amor tem buceta, pau, punheta! Amor é entrega, cuidado, carinho, admiração desvelada. Ora aqui, ora ali, sei que incomodo. Lamento moça. Lamento moço. Esse incomodo é seu. E caixas, ah... essas caixas não me cabem mais!
Imagem disponível em: http://lounge.obviousmag.org/espaco_da_palmitcha/2016/05/sobre-pensar-fora-da-caixa-dentro-de-um-sistema-e-como-a-arte-viabiliza-novos-rumos.html
Comentários
As caixas não são capazes de barrá-los.