VOCÊ E O SONHO >> Eduardo Loureiro Jr.
No início, você está dentro do sonho. O sonho é a realidade para você. Tudo que existe é o sonho. Você não pensa no sonho, você nem sabe que está sonhando. Você vive por meio do sonho.
Depois, você acorda. Seu corpo ainda não se mexe, mas você acorda. Você percebe que esteve sonhando. Você não é mais aquele que vive no sonho, você é aquele outro que sabe que viveu no sonho. Mas você ainda está envolto pelo sonho. E você sente que o sonho era bom e deseja voltar a sonhar. Você mantém o corpo imóvel e tenta esquecer que é um sonhador. Você procura dormir novamente na esperança de voltar àquele mundo do qual já começou a sair. Você ainda pode ver o mundo do sonho, as pessoas que estão nele, a natureza, as cores, as texturas, os cheiros, embora todos eles comecem a subir devagarinho. Você tenta se manter sonhando, rememorando a história do sonho, aquela sequência meio ilógica de eventos que você acabou de viver. Não fazia muito sentido, mas era bom. Você consegue voltar ao sonho, mas a consciência não some de todo, e o sonho continuado é uma imagem borrada do sonho que antes era nítido e real. Você não está mais vivo dentro do sonho, as demais pessoas do sonho também não parecem estar mais vivas, a própria natureza do sonho não é mais do que um mundo cenográfico.
Você ouve um barulho do seu próprio mundo. Um canto de pássaro, um bater de enxada, o movimento das pessoas na sua própria casa. Seu corpo se mexe, tenta se espreguiçar. Você procura ficar imóvel, procura se concentrar nas imagens cada vez indefinidas do sonho, mas, quanto mais você se esforça, mais o sonho escorre entre os fios do seu pensamento. Você sente que a batalha está perdida e busca guardar alguns despojos do sonho: reconta a estranha história para si mesmo. Você se ilude de que lembrará daquele sonho para sempre, de que não é possível esquecer algo tão vívido e tão bonito.
Você se espreguiça. Você se levanta da cama lentamente. Você vai, de olhos entreabertos, até o banheiro. Você faz xixi. Você lava o rosto. Alguém percebe que você está acordado e fala com você. Você responde. Você voltou a viver em seu mundo e o sonho é uma lembrança tão leve que não resistirá à água do banho.
Agora o sonho dorme. Talvez o sonho sonhe. Imóvel e silencioso, dentro de você.
Depois, você acorda. Seu corpo ainda não se mexe, mas você acorda. Você percebe que esteve sonhando. Você não é mais aquele que vive no sonho, você é aquele outro que sabe que viveu no sonho. Mas você ainda está envolto pelo sonho. E você sente que o sonho era bom e deseja voltar a sonhar. Você mantém o corpo imóvel e tenta esquecer que é um sonhador. Você procura dormir novamente na esperança de voltar àquele mundo do qual já começou a sair. Você ainda pode ver o mundo do sonho, as pessoas que estão nele, a natureza, as cores, as texturas, os cheiros, embora todos eles comecem a subir devagarinho. Você tenta se manter sonhando, rememorando a história do sonho, aquela sequência meio ilógica de eventos que você acabou de viver. Não fazia muito sentido, mas era bom. Você consegue voltar ao sonho, mas a consciência não some de todo, e o sonho continuado é uma imagem borrada do sonho que antes era nítido e real. Você não está mais vivo dentro do sonho, as demais pessoas do sonho também não parecem estar mais vivas, a própria natureza do sonho não é mais do que um mundo cenográfico.
Você ouve um barulho do seu próprio mundo. Um canto de pássaro, um bater de enxada, o movimento das pessoas na sua própria casa. Seu corpo se mexe, tenta se espreguiçar. Você procura ficar imóvel, procura se concentrar nas imagens cada vez indefinidas do sonho, mas, quanto mais você se esforça, mais o sonho escorre entre os fios do seu pensamento. Você sente que a batalha está perdida e busca guardar alguns despojos do sonho: reconta a estranha história para si mesmo. Você se ilude de que lembrará daquele sonho para sempre, de que não é possível esquecer algo tão vívido e tão bonito.
Você se espreguiça. Você se levanta da cama lentamente. Você vai, de olhos entreabertos, até o banheiro. Você faz xixi. Você lava o rosto. Alguém percebe que você está acordado e fala com você. Você responde. Você voltou a viver em seu mundo e o sonho é uma lembrança tão leve que não resistirá à água do banho.
Agora o sonho dorme. Talvez o sonho sonhe. Imóvel e silencioso, dentro de você.
Comentários
ha uma ordem no mundo terreno que parece ser apenas direcionada pra " controle do corpo fisico". onde esta, onde circula e com quem? trabalho pra conseguir ganhar o pao de cada dia e voltar pra dormir e sonhar outra vez.
Ainda tendo a crer que o lado de ca 'e que 'e o estranho. Pelo menos pra mim...
Também me sinto assim, Sandra. :)