ENTRE O PASSADO E O FUTURO >> Mariana Scherma
Era
janeiro. Eu estava fazendo planos pra 2015 quando, passando pela rua, vi uma
loja toda decorada para o Natal. Já era novembro, um mundo de coisas aconteceu
e não senti o tempo voando assim. Sempre imaginei ser um sinal da idade
chegando quando você junta a palavra tempo e o verbo voar na mesma frase.
Minhas avós sempre diziam e eram minhas avós. Não quero aceitar que a idade
está chegando — eu ainda uso saia com All Star, não posso ser velha. Então, vou
ficar com a teoria de que o tempo passa rápido quando a gente vive muito. Uma
adaptação simplória da Teoria da Relatividade.
Você pensa: ah, isso só vai acontecer em
março. Tem tempo. Nem vou me preocupar agora. Aí você acorda e “oi, março”. Tá
tudo correndo rápido demais. Ninguém nunca imaginou que o dia 21 de outubro de
2015 fosse chegar, o dia em que Marty McFly chegava ao futuro (desculpa aí se
você nunca viu De
Volta Para O Futuro).
Não existem carros voadores e os tênis ainda não se ajustam sozinhos. Mas ainda
tem muita corrupção, gente passando fome, crianças (e adultos!) analfabetos,
famílias vivendo em lugares sem esgoto e/ou água corrente. O futuro chegou, mas
ainda é passado pra muita gente. Será que falta tempo aos governantes? Ou será
que sobra ganância?
Quando eu tinha 10, 15 anos, eu morria
de curiosidade pra saber os spoilers da minha própria vida. Tinha certeza de
que estaria casada lá pelos 25. Ainda quero spoilers da minha. Não casei aos
25, mas nessa idade já tinha conhecido um bom pedaço do mundo, lido mais livros
que muita gente vai ler na vida, faço esporte como nunca (pra Mariana dos 60
estar bem lá na frente), me alimento de forma saudável... A Mariana dos 10, 15 anos ficaria
orgulhosa. Mais ainda ao saber que casar não define você. Só você mesma pode se
definir. Os tempos evoluíram para algumas coisas, para outras ficou quase num
retrocesso. Feliz quem não dá moral para a velocidade do tempo, mas dá atenção
para cada pequena mudança que se faz necessária.
Comentários