ESTE LADO PARA CIMA >> Analu Faria
Todo amor é um invasor. Eu olho para o meu namorado ali deitado, ocupando o sofá todo e penso nos mosquitos e borboletas que entram no meu pequeno apartamento, se eu deixar a janela aberta. Lembro também dos ensinamentos do meu irmão, que era engenheiro florestal, e me dizia que ficava tudo mais perigoso e a vida se enchia de possibilidades quando há espécies invasoras numa floresta.
O invasor é antes de tudo um forte. E vai modificar a paisagem com minigarrafinhas de Coca-Cola com o seu nome e o dele, e um porta-retratos com uma foto mostrando como foi legal se divertir mesmo naquele passeio mega sem graça. Vai também tornar a paisagem insípida sem a sua presença, de forma que, quando for embora, vai te deixar perguntando como é que se vivia naquele semiárido antes, naquela falta de diversidade. Os sons da casa não são os mesmos sem os zumbidos do invasor, trocando o canal da TV, rindo, apanhando do novo aplicativo, abrindo uma cerveja ou lavando a louça. E você vai contar os dias para o próximo fim de semana, quando é época de novo de abrir janelas. Espera, adaptação, sorte e seleção natural. Esse negócio de relacionamento é um suplício. Odeio Darwin.
Bom seria se meu pobre cérebro cartesiano encontrasse amores como quem encontra aquela lava-roupas de que precisa há tanto tempo. Aí sim: manuais, desenhos, instruções de montagem, tudo muito ali no seu quadrado. E o aviso vital na caixa: este lado para cima.
O invasor é antes de tudo um forte. E vai modificar a paisagem com minigarrafinhas de Coca-Cola com o seu nome e o dele, e um porta-retratos com uma foto mostrando como foi legal se divertir mesmo naquele passeio mega sem graça. Vai também tornar a paisagem insípida sem a sua presença, de forma que, quando for embora, vai te deixar perguntando como é que se vivia naquele semiárido antes, naquela falta de diversidade. Os sons da casa não são os mesmos sem os zumbidos do invasor, trocando o canal da TV, rindo, apanhando do novo aplicativo, abrindo uma cerveja ou lavando a louça. E você vai contar os dias para o próximo fim de semana, quando é época de novo de abrir janelas. Espera, adaptação, sorte e seleção natural. Esse negócio de relacionamento é um suplício. Odeio Darwin.
Bom seria se meu pobre cérebro cartesiano encontrasse amores como quem encontra aquela lava-roupas de que precisa há tanto tempo. Aí sim: manuais, desenhos, instruções de montagem, tudo muito ali no seu quadrado. E o aviso vital na caixa: este lado para cima.
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