SAIR POR AÍ >> Carla Dias
Tem se dedicado a melhorar o que piorou nos últimos anos. Mesmo havendo quem diga serem melhoras, ou pontes para alcançá-las, nela as prováveis pioras ecoam feito achaques. Entendeu – e continua a aprender a entender –, na prática, a conversa sobre “tudo o que vale a pena dá trabalho... todos, também”.
Volta ao ponto de partida com frequência indecente. O tempo berra para lembrá-la que nunca o teve de fato, que ele a faz sentir maciez somente na pele da efemeridade. Deu-se conta de a vida ser um “já foi”. Deu de assumir a culpa sem medo, com medo, do jeito que ela quer, sem ideia de aonde chegará em tal companhia.
Perde-se no mundo durante a observação. Há pouco, aprendeu a andar em um por aí mais amplo do que a rua de sua casa, do que a linha de metrô de sempre. Tem aprendido muito de uma tacada só: tem de ser para agora, para ontem, para daqui a pouco não serve, senão a escolha/o projeto/a necessidade desanda.
Na rotina descarrilada, acaba se excedendo na autoria de erros. Alguns, gostaria de não incluir no currículo de quem é. Logo, recorre ao descarte, apesar de nem sempre isso funcionar, porque erros descartados sabem enganar pessoas, são hóspedes de esconderijos interiores, adoram assombrar.
Ela se assombra em nome da consternação e do êxtase.
Torce, mas também se esforça para nunca cometer um erro sem volta, entrar em situações sem saída, esquecer-se em desesperos diários, acostumados a provocar despautérios em dia de calor insuportável.
Reflete sobre como anda fácil perder a cabeça. Pois viver é difícil, é fácil, é cruel, é deleitável, é tudo junto e aos berros, vez em quando, acontece em silêncio profundo. Em momentos feito este, tapa os ouvidos com as mãos, fecha os olhos, canta aquela música, pensa naquelas pessoas, e faz uma lista de lugares que deseja conhecer.
Ouviu dizer que viver também é sair por aí.
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Diz que fui por aí..." Luiz Melodia