TAMBÉM SOMOS CULPADOS >> whisner fraga
primeiro a trégua, quando talvez tenha percebido, se não a lógica, ao menos a inconsistência do idealismo ou, pior, a insustentabilidade, e, depois, a mudança,
nesse interstício retrocedi, analisei, é o relato objetivo,
às vezes poupava os deslizes dos indivíduos habitualmente queridos, colocamos na conta da desinformação, do desabafo, do saudosismo, da tradição, da influência dos amigos, outros débitos,
ia relevando, mesmo, em nome da civilidade, embora desconfiasse que a própria urbanidade estava sendo escanteada ali,
o vídeo talvez fosse da bruna lombardi, não posso garantir: era uma mulher com um tom calmo, de autoajuda e defendia o diálogo, algo simples, claro, eficiente e sem aplicação prática, ainda que eu defenda uma boa prosa, eventualmente,
sem utilidade, pois se esqueceu de uma premissa comezinha: a vontade do interlocutor, e nisso volto ao parágrafo inicial, quando eu desejava expor a minha decepção,
para existir conversa há que se ter vontade e muita gente não está dando a mínima para essas banalidades: o resto é monólogo e eu cansei de ficar passando pano para aprendizes de intolerâncias, alguns profissionais, ressalte-se, calejados nessa lida,
vamos dar um desconto porque ele gosta de armas?, são só para defesa, argumenta,
a vacina, o machismo, a homofobia, o patriarcalismo, o racismo, a família, as urnas eletrônicas, a ditadura, a ignorância, a espontaneidade, a religiosidade, a justiça com as próprias mãos, o socialismo, o terraplanismo, o pé de goiaba, vamos perdoando e acordamos diante de uma armadilha,
e vinha me questionando, com frequência, diante de algumas pessoas: por onde começar?, e até desconfiado de uma certa carência de humildade, entretanto percebi que é preciso um mínimo para o diálogo, um pequeno pressuposto de empatia, pelo menos,
e a coerência?, perdoar uns, condenar outros?, quais os critérios?, vale poupar os parentes, em nome nem sei de quê?,
esses arrazoados, tudo pela tal desculpa da polarização,
muitas vezes acho que querem nos enganar.
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Imagem de Gerd Altmann para Pixabay.
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