OLHO FECHADO >> Paulo Meireles Barguil

Muitas coisas não vi.


Elas estavam lá e eu também.


Biologicamente, não dormia.


Mas, afetivamente, encontrava-me inerte.


Conscientemente ou não, escolhi ignorar.


Decidi avistar o que queria, sem considerar se era, de fato, real.


Por que será que insisto em não me contemplar?

Comentários

André Ferrer disse…
Contemplar-se, quem sabe, o último dos desafios? Pois é: a medusa foi qual desafio de Perseu mesmo? Tinha-se o hábito de numerar na mitologia. Como, em Hércules, que fez doze trabalhos. Não sei. O que eu sei é que Perseu levava um escudo polido. Viu a Medusa pelo espelho a fim de destruí-la sem ser aniquilado primeiro.
Zoraya Cesar disse…
Por que não fomos habituados a isso. E já que o excelente Andre Ferrer invocou as musas gregas para comentar seu texto, sigo o exemplo e falo da infeliz ninfa Cilia, que, ao se banhar nas águas, tentou fugir, apavorada em ver tantos monstros, mas descobriu que os monstros saiam de dentro dela. Temos medo de nos banharmos nas águas da consciência e ver monstros demais para nossa aceitação.
Belo texto, oportuníssimo comentário do André Ferrer.

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