MANUEL E FRANCISCA >> Sergio Geia
Se você me permite, caro leitor, hoje vou contar a história de dois amigos meus. A permissão deles eu já tenho, lavrada e assinada em cartório. Não quero perder a amizade desses dois lusitanos, nem sofrer um processo de indenização.
Manuel e Francisca se conheceram no curso de Letras, em Coimbra. Estudaram na mesma classe e se tornaram amigos. Era uma amizade honesta, tão pura quanto uma flor de jasmim. A amizade durou até o último ano, quando Francisca estilhaçou com o muro do amor fraternal, para incluir um elemento novo que distingue todos os amores do amor conjugal: o sexo.
Na visão de Francisca, Manuel também queria o mesmo, mas era tímido. Nesse tempo estudávamos todos juntos. Eu, meio que intrometido, fazendo um curso rápido de especialização em poesia lusitana. Um dia, Francisca, já cansada da lentidão de Manuel, inventou uma desculpa de que seu carro estava com problemas. Manuel prontamente a socorreu. Levou-a até um mecânico em Torres Novas, conhecido como Variante do Bom Amor. Depois, foram beber na Sá de Miranda e, quando a bebida já produzia um barato legal, ela beijou Manuel.
Eu sou testemunha de que desde o início Manuel sempre fora a fim de Francisca. Quando se tornaram amigos, Francisca namorava um marrentinho brasileiro chamado Lobão, e a amizade foi a única coisa que sobrou para o meu amigo, criado com rigidez espartana por uma família tradicional da pequena cidade de Alcobaça, a 88 km a sudoeste de Coimbra.
No meio do terceiro ano, Lobão e Francisca terminaram, e Manuel achou que agora era a sua vez. No entanto — e Manuel me confessou isso certa vez em São Paulo, num bar na Vila Madalena —, Francisca estava certa em suas suspeitas, ele não sabia como transformar uma amizade em amor. Sempre fez alusão a um muro, um muro enorme que ele não sabia como vencer, até aparecer a história do carro enguiçado, do mecânico em Torres Novas, e do bar na Sá de Miranda, quando Francisca deu um jeito na coisa. Tudo isso há mais de vinte e cinco anos.
Manuel e Francisca estão no Brasil curtindo férias. Comemoraram mês passado vinte e cinco anos juntos. Manuelzinho não é mais Manuelzinho, é um moção tatuado que segue o caminho dos pais. Mês passado lançou em Coimbra um romance de dar gosto.
Manuel e Francisca se conheceram no curso de Letras, em Coimbra. Estudaram na mesma classe e se tornaram amigos. Era uma amizade honesta, tão pura quanto uma flor de jasmim. A amizade durou até o último ano, quando Francisca estilhaçou com o muro do amor fraternal, para incluir um elemento novo que distingue todos os amores do amor conjugal: o sexo.
Na visão de Francisca, Manuel também queria o mesmo, mas era tímido. Nesse tempo estudávamos todos juntos. Eu, meio que intrometido, fazendo um curso rápido de especialização em poesia lusitana. Um dia, Francisca, já cansada da lentidão de Manuel, inventou uma desculpa de que seu carro estava com problemas. Manuel prontamente a socorreu. Levou-a até um mecânico em Torres Novas, conhecido como Variante do Bom Amor. Depois, foram beber na Sá de Miranda e, quando a bebida já produzia um barato legal, ela beijou Manuel.
Eu sou testemunha de que desde o início Manuel sempre fora a fim de Francisca. Quando se tornaram amigos, Francisca namorava um marrentinho brasileiro chamado Lobão, e a amizade foi a única coisa que sobrou para o meu amigo, criado com rigidez espartana por uma família tradicional da pequena cidade de Alcobaça, a 88 km a sudoeste de Coimbra.
No meio do terceiro ano, Lobão e Francisca terminaram, e Manuel achou que agora era a sua vez. No entanto — e Manuel me confessou isso certa vez em São Paulo, num bar na Vila Madalena —, Francisca estava certa em suas suspeitas, ele não sabia como transformar uma amizade em amor. Sempre fez alusão a um muro, um muro enorme que ele não sabia como vencer, até aparecer a história do carro enguiçado, do mecânico em Torres Novas, e do bar na Sá de Miranda, quando Francisca deu um jeito na coisa. Tudo isso há mais de vinte e cinco anos.
Manuel e Francisca estão no Brasil curtindo férias. Comemoraram mês passado vinte e cinco anos juntos. Manuelzinho não é mais Manuelzinho, é um moção tatuado que segue o caminho dos pais. Mês passado lançou em Coimbra um romance de dar gosto.
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Beijos