OS CARROS TÊM PARA-CHOQUES >> whisner fraga
fiar-me em maquinismos, não!, em enredamentos mancomunados com gentes?, ai, traçamos o nome do pai, é salutar a vela a toda divindade mediadora de milagres, pousamos as solas na rua e tentamos a educação contra a casmurrice generalizada, o ódio mesmo, parece,
nós, com nossas tramas quebradiças cativando branduras, um sorriso não custa nem o desgaste do dente, é só o esforço dos músculos mesmo e a retribuição pode valer o dia, tentar e esquecer, se vier, veio,
vamos abraçados, eu e helena, e isso em si é um risco, fel é moda, mas essas ameaças esperamos derrotar com ternura (que termo démodé) e continuamos, vergando o olho para os engenhos, o semáforo relutante, helena e eu atravessamos na faixa,
sempre atravesse na faixa, filha,
mas não há lei que caiba em períodos belicosos, um lapso, e também deve ter culpa a conversa, no ponto, desviante de prudências, essas corriqueirices tão ao gosto da desatenção, não vou ao auge da imodéstia, todos temos alguma responsabilidade em algo, alguns mais, outros menos: o sinal verde a dele, helena e eu a nossa, os carros outras, tudo fantoche,
o sinal verde porque despontou quando estávamos a meio da travessia,
helena e eu por nossa distração,
os carros porque sim, e, não bastasse isso, há um motorista nas rédeas, o que explica tudo, mas, para não deixar dúvida, eles avançaram sobre nós,
eles aceleraram sobre nós,
nos safamos a custo de arrancadas, sprints e sustos e, do outro lado, na calçada, descansamos, nos refizemos e, como não somos nem queremos ser santos, xingamos.
Imagem de Ryan McGuire por Pixabay.
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