CAUTELA >> Fred Fogaça
Que é a vida agora, se não um cigarro começado e o gole de conhaque no copo de plástico? Essa vida em sociedade que você chama de sacada, porta fora a vida é selvagem, né? Você cheio de medo e o mundão pianinho lá, na dele, bom, mas em segredo. Nem se mete na ousadia que virou a interação, tá 'guentado, e justifica, mantém receio - a noite longa é uma vigília constante, fugindo sabe-se lá do que: já se perdeu na ansiedade qualquer razão que um dia foi justa. Clausura é necessidade mais que condição agora, transcendeu aos motivos, destacou o fim em si e a gente sempre evita andando em círculos: é cômodo, não demanda repertório de solução.
A existência acontece quase vazia, ausente dos partícipes - e eu aqui fora esperando, chamo na porta fechada, pro silêncio de pânico que barulha escondido dentro de casa, pra distância que aumenta e eu que não dei um passo que fosse. Tudo acaba pequeno. Ensimesmado num egoísmo honesto, a relevância do que une é subjetiva demais pra um momento como esse: e o momento como esse que parece perene num momento como esse: e depois, é só depois, depois sem previsão, depois à conta de um consolo e mesmo cobertos nossos rostos dessa cautela descartável, o agora não é viável. A insistência é pouca na disputa desigual e o intervalo desiste meus apreços e nem há surpresas sobre isso: deixo à tristura e uns passos atrás, pra me virar e partir, sem parar pra olhar de volta.
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