ERA SÁBADO >> Sandra Modesto
Um dia desses, senti saudades de um texto escrito há algum tempo. O título do danado eu não sabia. Lembrei-me de um pedaço. Pesquisei e lá estava ele. Quentinho, no frescor do prenúncio de uma tarde, alegre, densa, nesse turbilhão de emoções envolvido por todas e todos nós.
ERA SÁBADO
Há tempos ela estava sozinha. Recriando alguns trechos comendo sonho comprado na padaria da esquina.
Apesar do gosto amargo dos dias... Intercalou doçura, rasgos e seguiu. Nessa metade do ano.
Era sábado. As lojas comerciais abertas, homens comprando ramalhetes de flores. Mulheres escolhendo camisetas lisas, cuecas, sapatos de verniz. Os detalhes das pessoas desistindo dos preços, a sensação do não presentear.
A calmaria foi movendo a cidade. A praça principal refletia o adeus solar. Apenas algumas pessoas observando os cenários. Fernanda e Pedro esbarraram um no outro...
— Oi, desculpa, eu sou meio distraída.
— Não foi nada, imagine.
— Pedro.
— Fernanda.
Era sábado... Temporada de inverno quase chegando, e, no era uma vez, uns passos de diversidade. Imersos desafios. A vida tomava o silêncio, os corações bebiam de tudo o que há nessa vida.
Fernanda amava Teresa e Pedro amava Joaquim.
A cidade amanheceu. Igrejas lotadas, promessas a Deus dará.
“Abri o jornal, pausei pra fazer xixi”.
Do lado de cá, estou eu...
“Ah, se houvesse zero Homofobia.”
Do lado de fora, nas casas, nas ruas, na vida, o amor segue como instituição de família tradicional.
Ainda há muita luta pra fortalecer o arco-íris.
Que ele — O Amor! Desenhe os dias.
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