DOIS CACHORROS >> Fred Fogaça
Eu deito em vigília, mas só pra te perceber submisso aos pesares do mal inconsequente, apático à vida. Piedade, Pai! Que fiz? Que fiz! Esse terreiro danado, claro que nos caberia em convivência! Mas eu... eu sentia arder no lombo os pelos levantados e um instinto maligno que me apossa, porque... Tudo porque tenho medo? Lá fora foi cruel e aqui, o conforto! De que? De perder?
Porque você surgiu, assim, em disputa? Com a expressão suave e uma sugestão de culpa, porque você me ofendia com essa generosidade infinita? A cabeça baixa, rabo entre pernas, por Deus! Foi egoísta à ponto de me deixar querer tudo! O território nunca foi pouco, e a gente sabia o que fazer, eu sempre soube o que era certo... mas agora, céus, e agora? Como que se você vai, assim, sem mais nem menos? A covardia de me deixar ganhar nessa briga que você nunca reagiu, foi eu quem te fiz assim? Ou, talvez, mais importante: você me fez assim, dependente, mas e agora? Eu vou fazer o que com esse problema da tua presença?
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