BRASIL NOVO X BRASIL VELHO>>Analu Faria
Parece estar havendo um embate entre um Brasil Novo e um Brasil Velho, ultimamente. O Velho, em crise de meia idade, invejava a juventude do outro. O Novo, adolescente, estava metendo os pés pelas mãos e tinha a audácia de achar que estava certo. Alguém deveria pará-lo. Mais: cortar-lhe os cabelos, à marra, arrancar-lhe os pôsteres da parede do quarto, revistar a mochila ao chegar em casa. Afinal, quando era jovem, o Brasil Velho não podia ter cabelos longos, não tinha dinheiro para comprar pôsteres e mochila era artigo de luxo. Na cabeça do Velho, cabia ao novo o "respeito" de não ostentar tudo isso.
É claro que o Brasil Velho podia usar essa fase para fazer coisas inofensivas de tiozão, como comprar um carrão, pintar os cabelos, fazer um mochilão pela Europa. Mas não: o Velho sente uma certa alegria em arrancar o sorriso do rosto do Novo. Como se assim ele, Velho, fosse parar o tempo. Como se não fosse envelhecer mais. Como se fosse para o ciclo da vida. Long live the king.
Já sabemos como essa história termina, ou, melhor, sabemos quais os possíveis finais para essa história. O que mais rápido me vem à cabeça é aquela em que o Velho vence por um tempo, torna-se de novo o senhor da casa, derrubando o Novo e pisando-lhe a cara, impedindo os movimentos adolescentes e desajeitados. O Velho, contudo, não se sustenta - afinal, o Velho é o que é: velho, menos tônus, mais lentidão. O Novo acaba recobrando o fôlego, mais rápido até do que o agressor esperava. E revida. E joga no chão o Velho.
Dentre todos os Brasis Velhos que poderíamos ter, escolhemos um Velho rancoroso, medíocre e recalcado. Escolhemos um Idoso que acredita na violência, no autoritarismo - a que chama de ordem - e que morre de medo de envelhecer. Um Idoso que não soube apreciar o passar dos dias, rir-se de si mesmo. Um Idoso que não aprendeu a ser sábio, um Idoso embotado, torto por dentro. É esse Brasil Velho o nosso tiozão em crise de meia-idade. E não se iluda: esse Brasil Velho é formado por muitas carinhas novas.
E eu quero viver para vê-lo cair.
É claro que o Brasil Velho podia usar essa fase para fazer coisas inofensivas de tiozão, como comprar um carrão, pintar os cabelos, fazer um mochilão pela Europa. Mas não: o Velho sente uma certa alegria em arrancar o sorriso do rosto do Novo. Como se assim ele, Velho, fosse parar o tempo. Como se não fosse envelhecer mais. Como se fosse para o ciclo da vida. Long live the king.
Já sabemos como essa história termina, ou, melhor, sabemos quais os possíveis finais para essa história. O que mais rápido me vem à cabeça é aquela em que o Velho vence por um tempo, torna-se de novo o senhor da casa, derrubando o Novo e pisando-lhe a cara, impedindo os movimentos adolescentes e desajeitados. O Velho, contudo, não se sustenta - afinal, o Velho é o que é: velho, menos tônus, mais lentidão. O Novo acaba recobrando o fôlego, mais rápido até do que o agressor esperava. E revida. E joga no chão o Velho.
Dentre todos os Brasis Velhos que poderíamos ter, escolhemos um Velho rancoroso, medíocre e recalcado. Escolhemos um Idoso que acredita na violência, no autoritarismo - a que chama de ordem - e que morre de medo de envelhecer. Um Idoso que não soube apreciar o passar dos dias, rir-se de si mesmo. Um Idoso que não aprendeu a ser sábio, um Idoso embotado, torto por dentro. É esse Brasil Velho o nosso tiozão em crise de meia-idade. E não se iluda: esse Brasil Velho é formado por muitas carinhas novas.
E eu quero viver para vê-lo cair.
Comentários
Mas o diagnóstico está perfeito.
O Brasil velho já pode comemorar.