BOA FLEXIBILIDADE PARA VOCÊ >> Carla Dias >>
Lembro-me de um documentário que assisti sobre as pontes mais suntuosas do mundo. Fiquei impressionada com toda tecnologia aplicada nelas. Falo de antes da ponte da China, aquela de vidro, na qual jamais colocaria os meus pés, pois tenho um medo ferrenho de altura. E também certa fascinação, mas não o suficiente para me lançar em tal aventura.
A imagem que me deixou mais perplexa, no tal documentário, foi ver uma ponte de concreto dançar a valsa do vento. Havia tanta flexibilidade nela. Senti um misto de fascinação e terror. Como pode algo tão seguro, tão pesado, tão bem fixado, render-se dessa fora ao vento?
Sim, eu assisti ao documentário e tive acesso às explicações técnicas sobre como construir pontes capazes de suportar a força do vento, inclusive ventos capazes de balançar pontes de concreto como se elas fossem a namoradeira da varanda. Ainda assim, impressionei-me de forma que não tem volta. Ali eu me dei conta de que ser flexível é uma questão de sobrevivência.
Todas as vezes em que me apego à intransigência, em que percebo uma relutância aguçada em compreender o que me dizem, eu me lembro daquela ponte. Para mim, ela se tornou uma metáfora a respeito da flexibilidade necessária para aceitar a possibilidade de eu estar enganada sobre aquilo que defendo, sobre as pessoas que evito e também às quais dedico admiração e afeto.
Eu não acredito no definitivo, quando se trata de escolhas, opiniões. Nesse ponto, sou bem parecida com aquela ponte. Venho construindo a mim para aceitar que, às vezes, os ventos vêm mais fortes do que eu esperava, e eles vão me sacudir até eu entender que não há como me manter estática na crença, nas buscas, no medo.
Posso manter minhas convicções, mas a flexibilidade vem do fato de eu compreender que nem sempre a minha será a melhor escolha. Mora também aí a oportunidade de eu viver experiências que minhas certezas minavam.
O entendimento sobre si e a aceitação de que o mundo não existe para o nosso bel-prazer pode abrir nossa mente para algo melhor.
Hoje, no dia em que comemoramos a Independência do Brasil, desejo que nosso país se recupere da necessidade de poucos, que na busca por poder e dinheiro, limitam as possibilidades de o povo brasileiro andar para frente.
O que a flexibilidade das pontes de concreto tem a ver com isso?
Desejo que nós, os cidadãos desse Brasil, possamos ser flexíveis no trato com o outro, permitindo mais esclarecimentos e menos desaforos; e que possamos nos unir no que diz respeito a todos nós, não somente a alguns. Que em época de ventos fortes, possamos resistir à danosa necessidade de desistir do que nos desafia a mudar, não apenas politicamente, mas na nossa humanidade.
Desejo que possamos declarar independência dos algozes disfarçados de benfeitores, ao reconhecermos a fragilidade de suas propostas, as armadilhas em suas promessas. E ao reconhecermos que a união entre as pessoas, em busca de um mesmo objetivo, é muito mais forte que ventos que balançam pontes de concreto.
Boa flexibilidade para você.
Boa independência para você.
carladias.com
A imagem que me deixou mais perplexa, no tal documentário, foi ver uma ponte de concreto dançar a valsa do vento. Havia tanta flexibilidade nela. Senti um misto de fascinação e terror. Como pode algo tão seguro, tão pesado, tão bem fixado, render-se dessa fora ao vento?
Sim, eu assisti ao documentário e tive acesso às explicações técnicas sobre como construir pontes capazes de suportar a força do vento, inclusive ventos capazes de balançar pontes de concreto como se elas fossem a namoradeira da varanda. Ainda assim, impressionei-me de forma que não tem volta. Ali eu me dei conta de que ser flexível é uma questão de sobrevivência.
Todas as vezes em que me apego à intransigência, em que percebo uma relutância aguçada em compreender o que me dizem, eu me lembro daquela ponte. Para mim, ela se tornou uma metáfora a respeito da flexibilidade necessária para aceitar a possibilidade de eu estar enganada sobre aquilo que defendo, sobre as pessoas que evito e também às quais dedico admiração e afeto.
Eu não acredito no definitivo, quando se trata de escolhas, opiniões. Nesse ponto, sou bem parecida com aquela ponte. Venho construindo a mim para aceitar que, às vezes, os ventos vêm mais fortes do que eu esperava, e eles vão me sacudir até eu entender que não há como me manter estática na crença, nas buscas, no medo.
Posso manter minhas convicções, mas a flexibilidade vem do fato de eu compreender que nem sempre a minha será a melhor escolha. Mora também aí a oportunidade de eu viver experiências que minhas certezas minavam.
O entendimento sobre si e a aceitação de que o mundo não existe para o nosso bel-prazer pode abrir nossa mente para algo melhor.
Hoje, no dia em que comemoramos a Independência do Brasil, desejo que nosso país se recupere da necessidade de poucos, que na busca por poder e dinheiro, limitam as possibilidades de o povo brasileiro andar para frente.
O que a flexibilidade das pontes de concreto tem a ver com isso?
Desejo que nós, os cidadãos desse Brasil, possamos ser flexíveis no trato com o outro, permitindo mais esclarecimentos e menos desaforos; e que possamos nos unir no que diz respeito a todos nós, não somente a alguns. Que em época de ventos fortes, possamos resistir à danosa necessidade de desistir do que nos desafia a mudar, não apenas politicamente, mas na nossa humanidade.
Desejo que possamos declarar independência dos algozes disfarçados de benfeitores, ao reconhecermos a fragilidade de suas propostas, as armadilhas em suas promessas. E ao reconhecermos que a união entre as pessoas, em busca de um mesmo objetivo, é muito mais forte que ventos que balançam pontes de concreto.
Boa flexibilidade para você.
Boa independência para você.
carladias.com
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