OS NOSSOS SANTOS >> Sergio Geia
Digo
isso com a mais fina das convicções: se existe uma coisa de que brasileiro pode
se orgulhar, essa coisa se chama futebol.
Tudo
bem, eu também não esqueci aquela fatídica terça-feira, o hino nacional cantado
a plenos pulmões, a rapaziada toda vestindo amarelo canarinho, pronta para empurrar
nossa seleção pra cima dos branquelos que até outro dia mal sabiam jogar
futebol, dominavam a bola com as canelas e só faziam gol de chuveirinho; a bola
pipocando na nossa área, ziguezagueando na frente da nossa defesa, balançando a
nossa rede, nosso time assistindo a tudo indiferente, só assistindo, uma
beleza.
Está
certo, meu amigo, não vamos ficar remoendo essa tragédia. Acho que não foi uma
boa ideia começar falando de futebol. Mesmo porque eu não queria falar de
futebol. Na verdade, eu só queria introduzir o assunto, entende? A gente faz
assim: introduz o assunto com alguns derivativos, fica margeando, andando pelas
beiradas, depois vai ao âmago. Eu só queria falar de algo que é orgulho para a Nação,
afinal, somos pentacampeões do mundo ou não somos?
Esquece,
vai. Vamos falar de vôlei. Lembro-me muito bem daquela partida memorável contra
os Estados Unidos nas Olimpíadas de Los Angeles, em 1984. O Brasil massacrou os
americanos na casa deles com um sonoro três a zero. Ficou claro que o Brasil
tinha um time de respeito e foi ali que tudo começou. De lá pra cá são cinco
medalhes olímpicas, duas de ouro, em Barcelona e Atenas; três de prata, em Los
Angeles, Pequim e Londres. Cinco campeonatos mundiais, sendo três medalhas de
ouro conquistadas na Argentina, Japão e Itália; e duas de prata conquistadas na
Argentina e Polônia. Na Copa do Mundo o Brasil possui cinco medalhas, duas de
ouro e três de bronze. Nos Jogos Pan Americanos nem se fala, são quatro de
ouro, seis de prata e quatro de bronze. O feminino não fica atrás: nossa
seleção é bicampeã olímpica. Ou seja, o vôlei é motivo de orgulho para nós
brasileiros e não há como contestar, certo?
Além
do vôlei, do futebol, temos o Guga, o Medina, o Sebastião Salgado, O Gil, a Gi,
a Paola Oliveira, e tanta gente porreta em tantos segmentos que dá até pra
escrever um livro só com o nome desses brasileiros cabras da peste. Só me
incomoda a falta de brasileiros notáveis num segmento: se você chegar ao céu,
amigo, vai sentir um estrangeiro num país inóspito; vai encontrar santidade de
tudo quanto é lugar, menos do Brasil, o que é uma lástima. São mais de 10 mil
santos e beatos católicos, e apenas um vestindo verdadeiramente a amarelinha.
Dizem
por aí que temos três santos brasileiros: Madre Paulina, José de Anchieta e Frei
Galvão. Tá, só que Amabile Lucia Visintainer, a Santa Paulina, nasceu na Itália
ou na Áustria, depende do ponto de vista; José de Anchieta nasceu na Espanha e
Frei Galvão nasceu em Guaratinguetá (ufa!). Mas o incrível é que até no
segmento santidade nós conseguimos pecar, dando um jeitinho brasileiro de se
apoderar dos santos dos outros.
No
Brasil já ocorreram muitos milagres que produziram a canonização de muitos santos
estrangeiros, vide Santa Madre Carmem Sallés ou Beata Jeanne Emilie de
Villeneuve. Na nossa terrinha nascem milagres, mas santo que é bom mesmo, dessa
terra não brota, ah, não brota! Algum palpite?
P.S.: Dia desses, na padaria, a mocinha serviu meu café acompanhado de um
pote bojudo de açúcar. Santa Crônica “ACÚCAR!!!”.
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