COINCIDÊNCIA >> Whisner Fraga
Meu irmão tem muitas histórias e acho que nunca falei sobre nenhuma delas neste espaço. Sei que devia ter feito, mas algum assunto de última hora certamente se tornou mais urgente e deixei os causos do Wildner para depois. Wild, como os amigos o chamam e a família também. Hoje vou esquecer a candidatura de Marina, as questões em Israel, as baixarias em torno das eleições presidenciais, os problemas de minha cidade, para narrar algo mais engraçado.
Naquele dia o Wild olhou para o colega de trabalho e ambos tiveram uma revelação: precisavam de dinheiro para o final de semana. Ninguém consegue se divertir muito com os bolsos vazios neste nosso país e talvez em nenhum outro. Assim, meu irmão propôs que fossem ao banco para sacarem o bastante para as distrações de sábado e domingo. Fecharam as portas da loja e foram rumo a um caixa-rápido. O trânsito estava terrível, como tem acontecido com frequência em muitas cidades brasileiras. Lembrei-me de que o bom do engarrafamento é que é mais ou menos democrático: nele param Fuscas maltratados e Porsches tinindo de novos.
Como não havia estacionamento ali perto, meu irmão sugeriu que o colega descesse e sacasse o dinheiro, enquanto ele dava uma rodeada no quarteirão, para pegá-lo em seguida. Então, como estava tudo meio lento mesmo, chegaram à conclusão que era o melhor a ser feito e Roberto saltou. Havia filas lá também, o que de resto não foi grande surpresa, pois o brasileiro é craque em enfrentá-las por todos os cantos, com a paciência avantajada que Deus lhe deu. Alguns bons minutos depois, conseguiu os trocados salvadores: o fim-de-semana estava salvo.
Preocupado, Roberto correu para a rua e se deparou com a caminhonete vindo bem em frente ao banco, devagar diante do congestionamento. Não acreditava que tudo dera certo daquela maneira: um relógio suíço! Olhou rapidamente para os lados e, como não vinha nenhuma moto cortando caminho entre os carros, correu, abriu a porta e entrou, esbaforido, consciente de que cumprira com sua obrigação. Quando olhou para o lado, não reconheceu meu irmão. Em seu lugar estava outro: mais gordo, mais velho, mais assustado. Imaginem o que se passou na cabeça daquele motorista: certamente assalto foi uma das alternativas. Que risco! Ainda bem que não é qualquer um que anda armado hoje em dia. Apavorado também, Roberto não se conteve e soltou um grito, que foi logo respondido com outro grito, um pouco mais intenso e mais sobressaltado. Vejam como este mundo violento alvoroça as pessoas!
Não, não haviam roubado o carro de meu irmão. O que aconteceu foi que, naquele momento, passava uma caminhonete idêntica: cor, ano, modelo, filmes dos vidros, rodas, tudo. Um pouco atrás, o Wild assistia a tudo, passando mal de tanto rir. Como não tinha outra escolha, Roberto abaixou os olhos, pediu desculpas e saiu do assento desconhecido, cabisbaixo, rua afora. Avistou com facilidade o carro certo e entrou, já também não se aguentando de rir.
Naquele dia o Wild olhou para o colega de trabalho e ambos tiveram uma revelação: precisavam de dinheiro para o final de semana. Ninguém consegue se divertir muito com os bolsos vazios neste nosso país e talvez em nenhum outro. Assim, meu irmão propôs que fossem ao banco para sacarem o bastante para as distrações de sábado e domingo. Fecharam as portas da loja e foram rumo a um caixa-rápido. O trânsito estava terrível, como tem acontecido com frequência em muitas cidades brasileiras. Lembrei-me de que o bom do engarrafamento é que é mais ou menos democrático: nele param Fuscas maltratados e Porsches tinindo de novos.
Como não havia estacionamento ali perto, meu irmão sugeriu que o colega descesse e sacasse o dinheiro, enquanto ele dava uma rodeada no quarteirão, para pegá-lo em seguida. Então, como estava tudo meio lento mesmo, chegaram à conclusão que era o melhor a ser feito e Roberto saltou. Havia filas lá também, o que de resto não foi grande surpresa, pois o brasileiro é craque em enfrentá-las por todos os cantos, com a paciência avantajada que Deus lhe deu. Alguns bons minutos depois, conseguiu os trocados salvadores: o fim-de-semana estava salvo.
Preocupado, Roberto correu para a rua e se deparou com a caminhonete vindo bem em frente ao banco, devagar diante do congestionamento. Não acreditava que tudo dera certo daquela maneira: um relógio suíço! Olhou rapidamente para os lados e, como não vinha nenhuma moto cortando caminho entre os carros, correu, abriu a porta e entrou, esbaforido, consciente de que cumprira com sua obrigação. Quando olhou para o lado, não reconheceu meu irmão. Em seu lugar estava outro: mais gordo, mais velho, mais assustado. Imaginem o que se passou na cabeça daquele motorista: certamente assalto foi uma das alternativas. Que risco! Ainda bem que não é qualquer um que anda armado hoje em dia. Apavorado também, Roberto não se conteve e soltou um grito, que foi logo respondido com outro grito, um pouco mais intenso e mais sobressaltado. Vejam como este mundo violento alvoroça as pessoas!
Não, não haviam roubado o carro de meu irmão. O que aconteceu foi que, naquele momento, passava uma caminhonete idêntica: cor, ano, modelo, filmes dos vidros, rodas, tudo. Um pouco atrás, o Wild assistia a tudo, passando mal de tanto rir. Como não tinha outra escolha, Roberto abaixou os olhos, pediu desculpas e saiu do assento desconhecido, cabisbaixo, rua afora. Avistou com facilidade o carro certo e entrou, já também não se aguentando de rir.
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