É SÓ O MEU JEITINHO >> Fernanda Pinho
Sabe um troço que me irrita (além de sachê de catchup que a gente não consegue abrir, obras na vizinhança que começam às 8h da manhã de um sábado e propaganda política enviada pro nosso celular)? Gente que justifica falhas de caráter dizendo que aquele é o “seu jeito”. Acho que começa na infância. Sabe aquela mãe que ao ver o filho fazendo diabruras apenas dá um sorriso amarelo e diz “ele é assim mesmo”? Pois é. Deve ser a origem do que mais tarde se tornará uma autodefesa.
Da moça grosseira. Do cara galinha. Da senhora que não cumprimenta ninguém. Do rapaz que nunca chega no horário. Diante da cobrança por uma falha, lá vem com a mais esfarrapada das justificativa: “eu sou assim”. E o problema não é ser assim. Todo mundo é de algum jeito e esse jeito inclui coisas boas e ruins. O que me irrita é a pessoa aceitar seus defeitos como condição imutável e ainda impor isso aos outros. Sou assim, me ame ou me deixe.
Acho de uma pobreza de espírito imensa, pois acredito que estamos no mundo para evoluir. Reconhecer que “sim, sou intolerante”, “sim, lido muito mal com horários”, “sim, tenho dificuldades de me comprometer”, “sim, não aceito críticas”, é importante. Fundamental, ouso dizer de minha condição de palpiteira profissional. Mas desde que haja uma predisposição de mudança, de reconhecer nossas mazelas para avaliar o que podemos fazer para melhorar. Para ser a tal mudança que a gente quer ver no mundo. E não para nos empurrar goela abaixo dos que convivem conosco. "Sou assim e pronto e acabou, quem aguentar aguentou".
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