QUAL O GOSTO DE UMA MANHÃ? >> Cristiana Moura
Tenho um deslumbre quase secreto: a sensorialidade dos corpos no caminhar. Às vezes fecho os olhos, respiro fundo e imagino todos os meus poros dilatando-se. Hoje fiz uma curta caminhada. O calor do Sol já quente na pele, o barulho dos automóveis , a tranquilidade dos gatos, os sorrisos e cumprimentos de outros caminhantes, os desvios dos passos das calçadas quebradas, a buzina do motorista apressado que parece preferir que não existissem pedestres. A cidade me adentra num entrelace de sentidos.
Ontem assisti a um filme que acorda , no corpo, uma dessas experiências que, depois, a gente nem sabe dizer. É coisa de alegria quieta, de prazer leve, como se um silêncio bom gritasse por dentro. Que filme? A Cem Passos de um Sonho. O enredo do filme não vou contar. Corram e vão assistir. Posso dizer que ele fala desse universo sensorial. Mais que isto - ele desperta os sentidos. Sentidos acordados nas relações sendo vividas no seu dia a dia. Fiquei inundada de Beleza.
Lembrei-me da fala da menina pequena:
— Pai, posso beber da sua água?
— Pode, minha filha.
O pai bebia água com gás, sabor que a menina, aos seis anos, desconhecia. Ela bebeu. A este experimentar seguiu-se uma careta cheia de gestos e sons como só uma criança é capaz de fazê-lo.
— O que foi, minha filha, não gostou da minha água?
— Não! Tem gosto de pé dormente!
Crianças sabem falar das sensações como ninguém.
A beleza do filme, o calor do Sol junto ao o frio do vento de agora, a música de Yann Tiersen no computador, a cidade — tudo me invade. Tudo me provoca sensações que queria saber dizer como a menina: tem gosto de... Gosto de quê? Qual é o gosto desta manhã?
Ontem assisti a um filme que acorda , no corpo, uma dessas experiências que, depois, a gente nem sabe dizer. É coisa de alegria quieta, de prazer leve, como se um silêncio bom gritasse por dentro. Que filme? A Cem Passos de um Sonho. O enredo do filme não vou contar. Corram e vão assistir. Posso dizer que ele fala desse universo sensorial. Mais que isto - ele desperta os sentidos. Sentidos acordados nas relações sendo vividas no seu dia a dia. Fiquei inundada de Beleza.
Lembrei-me da fala da menina pequena:
— Pai, posso beber da sua água?
— Pode, minha filha.
O pai bebia água com gás, sabor que a menina, aos seis anos, desconhecia. Ela bebeu. A este experimentar seguiu-se uma careta cheia de gestos e sons como só uma criança é capaz de fazê-lo.
— O que foi, minha filha, não gostou da minha água?
— Não! Tem gosto de pé dormente!
Crianças sabem falar das sensações como ninguém.
A beleza do filme, o calor do Sol junto ao o frio do vento de agora, a música de Yann Tiersen no computador, a cidade — tudo me invade. Tudo me provoca sensações que queria saber dizer como a menina: tem gosto de... Gosto de quê? Qual é o gosto desta manhã?
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