MENOS SÓDIO, MAIS FELICIDADE>> Mariana Scherma
Eu
não tenho problema com nenhum tipo de comida, tento comer pouca carne por dó
dos animais (principalmente dos porcos, depois que vi um caminhão cheio de
porquinhos espremidos indo para o abate), mas vez ou outro me pego agarrada a
um bife, paciência. Em casa, minha mãe me ensinou a comer de tudo, quiabo,
abobrinha, couve, arroz com feijão, arroz sem feijão... Por isso, toda vez que
vejo alguém virar a cara pra qualquer alimento, fico surpresa.
Sobre
testar comidas exóticas? Voto sempre a favor. Menos insetos, porque
não sou o Indiana Jones, ora bolas. Não faço cara feia pra nada e sou
extremamente feliz ao provar novos sabores ou mesmo um tempero diferente para o
feijão de todo dia (beijo para o gengibre). Minha felicidade está diretamente
ligada a sabores variados. Ver criança fazendo birra pra cenoura, tomate e cia.
me deixa com a ideia fixa de colocar a minha mãe pra dar workshops às outras
mães, explicando Como Comer de Tudo Sem Fazer Cara Feia. Minha mãe é fera nesse
módulo. Quando criança, ela me levava ao supermercado, me soltava na seção de
chocolates e dizia: “pega o que você quiser”. Sabe o que eu pegava? Nada.
Sério. Eu pedia pera e quiabo. Às vezes beterraba. Tipo aquela criança do
comercial que chora por brócolis.
Minha
única desavença era com mangas. Achava doce demais, não gostava do cheiro, não
passava nem perto. Até que em um jantar na casa de amigos, a salada de rúcula
tinha fatias de manga e, apesar da minha destreza na pescaria Apenas das Folhas
de Rúcula, um pedacinho de manga parou no meu prato e, como sou dessas que não
deixa sobra alguma, comi por educação. De repente, minha boca foi invadida por
um sabor incrível, docinho, gostoso, apaixonante... Depois desse dia, devo ter
passado uma semana comendo manga no almoço, café da tarde e janta, meio que
querendo recuperar o tempo perdido. No supermercado, entrava em um desespero
louco de escolher as mangas mais apetitosas. Amo! E foi aí que prometi nunca
mais dizer “não gosto”.
Ok
que o paladar é único em cada pessoa, mas sinto um pouco de dó de gente que vive de
salgadinhos, frituras, chocolate, congelados cheios de sódio, sucos prontos e
essas coisas. Pessoas assim não sabem o que é a felicidade de morder uma pera docinha,
o prazer de descobrir temperos diferentes pra deixar a berinjela especial ou a
alegria proporcionada por folhas de manjericão no meio da salada de alface e
tomate. Pra mim, é uma felicidade que foge do óbvio, está na delicadeza da
mordida, na surpresa boa de um molho com maracujá e pimenta rosa no peixe ou de
um teco de erva-doce no molho de tomate ao sugo. Prazer à mesa, simples assim.
Educar
o paladar pra novos sabores é encontrar várias e várias formas de felicidade.
Por essas e outras, eu só tenho a agradecer à minha mãe, que ama temperos e me
fez amá-los também.
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