FALE AGORA OU CALE-SE PRA SEMPRE
>> Mariana Scherma
Ter seu nome confundido por
alguém pede agilidade máxima na correção. Se você não corrige de cara, nos
primeiros dez segundos do erro, pode esquecer. Melhor se acostumar a ter dois
nomes: o seu nome de batismo e o seu segundo nome, aquele fruto de um erro de
memória do fulano e de timing seu, ãham, porque você não soube corrigir a
tempo. Quer dizer, isso só se você for como eu, que morre de vergonha de
corrigir seu falso nome. Sério, eu corrijo as pessoas e seus erros mais simples
ou grotescos de português, mas não sou capaz de dizer: “é Mariana, não Marina”.
Vai entender...
Meu novo professor de natação
decidiu que sou Marina. Ele me perguntou qual era meu nome, disse Mariana, mas,
por alguma sinapse muito doida, ele subtraiu a minha letra a do meio e fui
batizada como Marina na natação. E esse meu professor fala muito e fala rápido,
quando me chamou de Marina pela primeira vez, já emendou algum assunto e eu
resolvi deixar pra lá. Toda hora era “Marina, agora 12 chegadas peito”, “Já
terminou, Marina?”, “Marina, parou com a musculação, é? Por quê?”, enfim... Era
tanto repetição de Marina pra cá, pra lá, que resolvi que na piscina eu seria
Marina dali pra frente. E quer saber, ele nem estava tão errado assim. Toda
Mariana tem 90% de Marina.
Naquele dia, entre uma chegada
peito e outra costas, até cogitei a possibilidade de mudar meu Facebook para o
professor não perceber, de avisar meus amigos que agora eu era Marina, queria
até pedir na recepção da academia pra fazerem essa alteração, tudo pra não ter
que corrigi-lo. Eu estava disposta a abrir mão do nome que meus pais escolheram
com tanto carinho por conta de um momento perdido. Mas aí veio a reviravolta
que mais me constrangeu na vida...
Enquanto eu, a nova Marina, saía
da piscina pra tomar banho, o professor me chamou pra acertar meu nome na lista
de exame médico e eu pensei em sair correndo, juro. Se a piscina desembocasse
no oceano, a essa hora já estaria em Sidney, sendo Marina.
— É Marina do quê? Não acho aqui na minha lista. Preciso do seu nome completo,
ele avisou.
— ... Éééééhhh, ééééh... (respirei fundo e encarei) Na verdade, é Mariana.
Mariana Scherma, disse, sentindo que meu rosto estava vermelho-tomate de
vergonha.
— Eu tô a aula inteira falando seu nome errado e você não me corrigiu?
— Achei chato. E você nem estava tão errado, só faltou um a.
Sim, eu fiquei mais sem graça
que o professor. Eu ria de nervosa e ele ria da situação em si. Desde então, voltei
a ser Mariana com gosto. Não preciso mais mudar meu Facebook pra Mari, nem nada
do tipo. Mas taí: se eu dia eu precisar de passaporte falso, meu nome será
Marina. Foi bom enquanto durou, mesmo que tenha durado uma aula de natação só.
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Love, Nina.
http://ninaeuma.blogspot.com/