LOGO AGORA?? >> Clara Braga
Recentemente percebi que tornou-se comum o termo "pet friendly". Para quem possa ainda não estar muito familiarizado com o termo, alguns locais, inclusive shoppings, começaram a anunciar serem "pet friendly" para dizer que ali, seu pet é bem vindo.
Não estou aqui para julgar se isso é bom ou não, eu gosto de poder levar minha cachorrinha para certos locais, mas não me sinto tão à vontade para levá-la para todo e qualquer lugar, mesmo sendo pet friendly.
Porém, outro dia, me surpreendi ao ler o termo "kids friendly" na porta de um restaurante. Fiquei abismada e, de certa forma, com raiva. À princípio, pensei que agora teria que verificar se os locais que frequento aceitam ou não crianças.
Fiquei furiosa e fui fazer uma rápida pesquisa à respeito. Para minha surpresa, descobri que certos locais, principalmente restaurantes, perceberam que eles não são atrativos e/ou receptivos para crianças. Então, esses locais decidiram se reinventar para tornarem-se um espaço onde as famílias e, principalmente as crianças, sintam-se bem vindas.
Pelo pouco que vi, parece que as mudanças vão desde mais opções no cardápio infantil até atividades variadas. Fiquei bem aliviada ao entender que a mudança visa uma melhor inclusão das crianças e não uma exclusão.
Me fez lembrar um texto que li recentemente que dizia que parte da nossa frustração com crianças é justamente o fato de não às aceitarmos como crianças e esperarmos que elas sejam mini adultos. Já vi pessoas defendendo a existência de áreas específicas dentro de um mesmo local para família com crianças e uma área que seria "livre de crianças". Não acho que todos são obrigados a gostar de crianças gritando e correndo para todos os lados, mas acho que finalmente entenderam que as crianças precisam ser entretidas, elas não gostam e nem são obrigadas a gostar de ficar horas sentadas em uma mesa ouvindo os pais baterem papo. Lógico que vão ficar entediadas, irritadas e agitadas.
Realmente acredito que essa mudança será benéfica para todos, crianças e quem se irrita com criança entediada correndo. Agora, a pergunta que não quer calar é: tinham que esperar uma pandemia inacabável para apresentarem essa mudança?
Comentários
Essa coisa de mini adultos é bem antiga, vem lá da idade média. Acho que nossa sociedade ainda vinha nessa vibe e a pandemia nos permitiu, em algum nivel, olhar para dentro (tomara!), permitiu uma reflexão (pelo menos tenho essa esperança) de questionar esses conceitos tão fixos e até automáticos.
Também me assustei com o Kids Friendly, mas vamos torcer que seja um dos sinais de avanço. Espero mesmo que um dia possamos nos tornar mais tolerantes e menos frustrados com a nossa ineficiência em controlar os outros.
Maravilhoso texto.
Leia os comentários.
Grande abraço!
Mas Alfonsina tem razão, são incômodos os números de maus-tratos a crianças na França.