ALARME >> Paulo Meireles Barguil
23h58 A crônica está sem título e eu busco, numa lista imaginária e em branco, um assunto para escrever.
A situação é crítica, pois amanhã de manhã não terei tempo para realizar o meu ofício quinzenal.
E, então, o alarme de algum carro toca algumas vezes.
Por sorte para quem está dormindo, ele logo desligou.
Também sou agraciado, pois ganhei uma inspiração para redigir.
Esses sinais, que costumam ser sonoros, indicam que uma situação foi modificada, ou que poderá ser em breve, sendo necessário implementar alguma atitude para restaurar o equilíbrio anterior ou minorar o inevitável prejuízo.
00h14 Consegui avançar na escrita, mas não tenho a menor ideia de como irei concluir esse texto.
Uma coruja, então, avisa que está alerta, esperando o alimento incerto.
Numa situação de perigo, o organismo libera adrenalina para que uma ação, lutar ou fugir, seja implementada e possibilite a continuação da vida.
O único perigo que vislumbro nesse momento é não dormir bem e comprometer a qualidade do meu compromisso matinal.
Outra possibilidade é não escutar o despertador programado para as 07h00 e me atrasar.
00h33 Considerando essas hipóteses, que soaram como avisos, deduzo, sem maior esforço, que o melhor a fazer é encerrar o texto.
Do que vale eu acreditar que a conexão interna é o melhor sistema preventivo se eu não (considero o que) vejo ou ouço as manifestações que ocorrem em mim?
00h55 Depois de quase vinte minutos reescrevendo a frase acima, posso, enfim, descansar.
Duplamente satisfeito.
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