SAIA DO PEDESTAL >> Mariana Scherma

Pôr a mão na massa é vida. Não literalmente a mão na massa porque não sou muito cozinheira, mas viver as experiências ativamente, participando delas, tira você da condição de espectador dos seus dias. Sem contar que isso é ser gente como a gente (amo essa expressão). Você ganha em experiência, em know-how e em respeito.

Sim, respeito. Porque uma coisa é você ser aquele chefe que só manda, manda, manda mais um pouco e, na sequência, cobra agilidade. Outra coisa é você fazer junto (ou já ter feito) e saber exatamente como isso leva tempo e quais as dificuldades que cada tarefa demanda. Minha mãe sempre teve comércio e o que escuto dela é: “não dá pra deixar na mão só dos funcionários”. Ela trabalha mais que todo mundo na sua loja, é a única que não tira férias e explica incansavelmente tudo pra todos. Meu exemplo.

Para trabalhar, optei por algo que não fosse meu. Não sei até quando isso vai durar, mas, enfim, caí numa função de referência. Diferente da minha mãe, confio na equipe, que sempre dá o seu melhor. Mas a posição de líder da equipe não me subiu à cabeça (tal qual minha mãe): eu faço tudo igual às outras, mas um pouco menos, já que tenho outras obrigações que elas não possuem.

Dar uma ordem tem mais sentido quando você sabe o que está fazendo, corrigir alguém é outro esquema quando você entende o erro. Pra tudo na vida, faz mais sentido quando você não senta em um pedestal e fica mandando lá de cima. A gente precisa se juntar com os nossos. É por isso que adoraria que filhos de presidente, governadores e tudo mais usassem o SUS, fizessem Ensino Médio nos colégios estaduais e a faculdade aqui no Brasil mesmo. Seria o máximo.


Pra política ou qualquer outra coisa dar certo, é necessário compaixão e empenho. Se seu chefe possui essas duas qualidades, sorte a sua. Porque nossos governantes, na maior parte das vezes, não têm nem uma nem outra.

Comentários

Unknown disse…
Muito bom, excelente texto. Sempre aprendendo um pouquinho mais a cada leitura :)
Analu Faria disse…
Gostei, Mariana. Só fiquei com uma dúvida: vc elogia sua mãe e depois diz que a função de chefe não te subiu à cabeça, ao contrário do que aconteceu com ela. Ficou um pouco confuso, uma vez que vc parecia admirá-la...

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