VAI, PLANETA! >> Mariana Scherma
As
chuvas aqui no sudeste estão com tudo. O nível do reservatório da minha cidade
está saudável e seca, agora, só mesmo nos telejornais, quando todo aquele
refrão de economize água se perdeu. Tchau, uso racional de água, e até o
inverno que vem. Faz parte. Pra mim, esse assunto não morreu. Minha mãe adora
me chamar de a-patrulha-de-uma-pessoa-só. Até gosto, mas é muito solitário.
Até
agora, não consigo ver uma pessoa maltratando o meio ambiente e seguir como se
nada tivesse acontecido. Lavar calçada, carro, jogar lixo no chão, arrancar
flor do jardim alheio... Eu sempre tenho um puxão de orelha pra passar a essas
pessoas. É mais forte que eu. Lembra aquele desenho do Capitão Planeta? Pois é,
sou possuída pelo espírito dele. Já chamei atenção de senhora lavando calçadas
(umas vááárias vezes), de gente jogando chiclete no chão, de sem noção jogando
bituca de cigarro, de fulana no banheiro da academia ligando todos os chuveiros
por uns dez minutos até a água esquentar. Alô, mundo! Até meu pai já foi vítima
da minha ira desperdiçando água. Reeduquei o papi e acho possível todo mundo,
pouco importa a idade, ser ensinado de que não se desperdiça natureza.
Toda
vez que conto que chamo a atenção de alguém, meu pai sai dizendo que eu espalho
amizade por onde passo, que arrumo mais e mais seguidores nas redes sociais,
ironicamente, claro. Mas sinceridade? Não quero fazer amizade com quem lava a
calçada, é de uma falta de inteligência absurda, dali a dez minutos a calçada
vai estar suja outra vez. Por que esse fulano não tira o sapato ao entrar em
casa. É prático e poupa o meio ambiente. Tampouco quero virar colega de quem
joga lixo na rua. A rua é de todo mundo, então, você joga sujeira na sua casa?
Pretendo passar longe da amizade de quem emporcalha banheiro coletivo e por aí
vai. Acredito que amizade sempre é bom, mas prefiro os amigos que conhecem a
palavra respeito. Simples assim.
A
tarefa de reeducar as pessoas é um pouco solitária, cansativa e com certeza não
devo mudar o mundo. Mas se eu fizer a pessoa em quem dei bronca pensar duas
vezes sobre seus atos, já me dou por satisfeita. Eu, sozinha, não devo tornar
as ruas brasileiras como as da Suíça. Mesmo porque, o brasileiro genérico
cresce sabendo que aqui toda a natureza é farta e acha que tudo bem dar uma
abusadinha. Não, nada de tudo bem. Natureza também se esgota. Assim como minha
paciência ao ver uma atitude desrespeitosa com todos nós. A gente também faz parte
do meio ambiente: eu, você e até a senhora que lava calçada.
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