O ÓBVIO DO POVO >> André Ferrer
Existem, de fato, assuntos explosivos. Religião e futebol, por exemplo, não se discutem. O anátema popular, nesses dois casos, merece consideração. No que se refere à crença, por mais automática, fria, vazia ou exótica nos pareça a sua liturgia, merece, ainda assim, o nosso mínimo respeito.
Apesar da fama de encrenqueiro, o futebol também carrega uma poderosa força capaz de unir as pessoas. É preciso dizer, entretanto, que isso acontece somente até o momento em que as opiniões sobre flâmulas não se tornam radicalmente opostas. Assim, quando algo já não soa adequado para um dos interlocutores, essa força descomunal, capaz de aglutinar homens e formar tribos e nações, converte-se em repulsa.
Daqui em diante, pode-se dizer simplesmente que os interlocutores se agarram em ideias opostas. Correto. Entretanto, há uma leitura mais rica e provocativa para tal ruptura: as pessoas param de concordar umas com as outras assim que elas deixam a sacrossanta “zona do óbvio”.
Há diversos temas assim confortáveis e, muitas vezes, é um sinal de sabedoria empregá-los à vontade e abandoná-los antes que se derrube a barreira do óbvio. Algumas pessoas chamam isso de educação, urbanidade, diplomacia etc. Outras, de acordo com o grau de consciência a respeito do processo, consideram, numa escala qualitativa, de engraçado a patético.
A poucos dias da Copa do Mundo, a “zona do óbvio” encontra-se amplificada entre os torcedores brasileiros. Em tempos de mundial, as preferências locais se nivelam. O inimigo é externo e comum a todos. Falar de futebol com qualquer cidadão é mais ou menos como falar do tempo com um velhinho no ponto de ônibus.
No mundo todo, as condições meteorológicas ganham de longe no quesito “inutilidade simpática”. Fazer e usar a previsão do tempo como iniciador de conversa fiada é muito comum no elevador, na fila do cinema, no ônibus, na recepção do dentista. Em Nova Iorque ou em Quixeramobim, é quase uma liturgia.
Apesar da fama de encrenqueiro, o futebol também carrega uma poderosa força capaz de unir as pessoas. É preciso dizer, entretanto, que isso acontece somente até o momento em que as opiniões sobre flâmulas não se tornam radicalmente opostas. Assim, quando algo já não soa adequado para um dos interlocutores, essa força descomunal, capaz de aglutinar homens e formar tribos e nações, converte-se em repulsa.
Daqui em diante, pode-se dizer simplesmente que os interlocutores se agarram em ideias opostas. Correto. Entretanto, há uma leitura mais rica e provocativa para tal ruptura: as pessoas param de concordar umas com as outras assim que elas deixam a sacrossanta “zona do óbvio”.
Há diversos temas assim confortáveis e, muitas vezes, é um sinal de sabedoria empregá-los à vontade e abandoná-los antes que se derrube a barreira do óbvio. Algumas pessoas chamam isso de educação, urbanidade, diplomacia etc. Outras, de acordo com o grau de consciência a respeito do processo, consideram, numa escala qualitativa, de engraçado a patético.
A poucos dias da Copa do Mundo, a “zona do óbvio” encontra-se amplificada entre os torcedores brasileiros. Em tempos de mundial, as preferências locais se nivelam. O inimigo é externo e comum a todos. Falar de futebol com qualquer cidadão é mais ou menos como falar do tempo com um velhinho no ponto de ônibus.
No mundo todo, as condições meteorológicas ganham de longe no quesito “inutilidade simpática”. Fazer e usar a previsão do tempo como iniciador de conversa fiada é muito comum no elevador, na fila do cinema, no ônibus, na recepção do dentista. Em Nova Iorque ou em Quixeramobim, é quase uma liturgia.
Comentários
Para encerrar com polêmica:
Religião - Não existe deus verdadeiro. Todos são bons ou não.
Futebol - Virou negócio, mas o único time que não tenho simpatia é o Paraná Clube.
Política - os partidos (todos eles) são ninhos de malacos. Essa forma de organização política é viciada e privilegia o criminoso. Se os partidos fossem coisas sérias não seria necessário lei da ficha limpa.