ANTES DE DORMIR >> Clara Braga
Sempre me questionei o que de fato poderia ter acontecido aos mercenários. Sempre achei a história deles muito mal contada, viviam naquela Rua Cloverfield tão protegidos que mais pareciam intocáveis. Ninguém nunca os via, a não ser aquela vez no casamento grego e na estréia de a bela e a fera.
A rua parecia sempre deserta, só era possível saber que tinha gente lá pelas luzes das casas e os seguranças na entrada, mas a rua chegava a ser assustadora, cenário para filmes como a noite dos mortos vivos.
Talvez tenha sido todo esse mistério que tenha instigado os anarquistas a invadirem a rua em sua busca implacável, afinal, encontrar os tais mercenários parecia uma verdadeira caça ao tesouro. Tudo pareceu tão bem orquestrado que ninguém deve ter percebido o momento em que a casa caiu. Devem ter pensado que tudo não se passava de uma visita inesperada ou então Ted havia finalmente voltado de seu intercâmbio.
Alguns dizem que a invasão aconteceu pois eles estavam em busca de uma lenda perdida outros dizem que eles buscavam o segredo de Bethany, a eterna namorada de um dos líderes do grupo que havia sumido já tinha um tempo.
Acho essa última opção um pouco absurda, afinal, quando pararam de achar que o segredo de Bethany eram segredos mortais e descobriram que ela estava apenas realizando seu sonho de fazer uma viagem para a Itália ficou difícil acreditar que o grupo arriscaria sua vida invadindo a fronteira de um local tão bem policiado em busca de uma informação tão simples.
Também é difícil acreditar que os mercenários guardariam o sonho de uma desconhecida como um segredo importante de ser guardado. Se esse fosse de fato o segredo e alguém me ameaçasse de morte para conta-lo eu não pensaria duas vezes, diria: pergunte-me tudo o que quer saber, minha boca é uma tumba aberta. Mas não foi isso que aconteceu naquele dia, todos se negaram a contar o segredo e acabaram perdendo suas vidas.
Os anarquistas ainda tentaram fugir quando um deles gritou: corra que a polícia vem aí! Mas todos foram presos sem ter a informação que precisavam e nós nunca vamos saber o que de fato aconteceu aquele dia ou qual era o segredo ou o tesouro que estava sendo guardado.
E é assim, meio sem fim, que essa crônica que eu fiz enquanto escolhia que filme iria assistir antes de dormir entre as opções presentes na televisão chega ao fim.
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