INSTINTOS AMEBIANOS >> André Ferrer
Abraham Maslow
(1908-1970) foi um psicólogo norteamericano. Seus estudos dizem respeito aos
conflitos entre comunidades culturalmente distintas. Por conseguinte, ele propôs uma hierarquia
das necessidades humanas, a famosa Pirâmide de Maslow, em cuja base estão as
necessidades fisiológicas (respiração, alimentação, sexo, etc.) e, no topo, a
autorrealização humana (autonomia, moralidade, trabalho criativo, etc.).
Maslow é arroz de festa
no Data Show de quem estuda e ensina Humanas. Portanto, não é um Maslow na
íntegra e em profundidade, mas a Pirâmide de Maslow, um signo, um ícone, enfim,
uma representação bastante superficial e conveniente de Maslow, que tem presença
garantida nas aulas. Ou melhor, nesses verdadeiros jorros de tópicos que se acostumou, nas últimas décadas, a chamar de aulas.
Maslow trabalhou na
Universidade de Cornell e no MIT. O pesquisador se debruçou, por exemplo, na
difícil convivência entre negros e judeus. Um dos motivos pelos quais a ideia
de que o trabalho do psicólogo (bem como de inúmeros outros importantes
pensadores) é, simplesmente, resvalado nas nossas escolas e, ainda assim, de
acordo com uma flagrante agenda ideológica.
Cornell. MIT. Harvard.
Yale. A primeira coisa que vem à mente é a excelência. Por dentro e por fora: a
excelência. Faz-se o elogio dela tanto no espírito como na boa aparência.
Tweed. Black tie. Heráldica. Em tudo, vive o orgulho explícito de se pertencer
a um grupo distinto. A era dos andrajos, mental e corporal, ficou, bem lá atrás,
na adolescência. Algo diametralmente oposto ao elogio da pobreza que desfila
nos campi das melhores universidades brasileiras.
Questão de se olhar no
espelho, pensar em Maslow (ainda que apenas na sua pirâmide) e decidir se o
espírito universitário combina com a vestimenta de quem se deixa aprisionar por
instintos amebianos.
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