HELENICES >> Whisner Fraga
O título foi ideia da Zoraya Cesar. A ela, por isso, minha gratidão.
1.
Helena diz que a picada de pernilongo está coçando. Busco uma pomada que promete aliviar coceiras e besunto o machucado. Ela pergunta se pode passar o dedo em cima. Pode, digo. Ela cutuca o creme e leva a ponta do indicador à boca. Que gosto horrível, reclama. Menina, pare com isso, vai lá lavar os lábios, que é perigoso, é veneno!, recrimino. Ela corre. Pouco depois, volta com a boca toda cheia de espuma, se queixando que agora estava sentindo um gosto horrível de sabonete.
2.
Helena me alerta, assustada: pai, isso daqui está com gosto de guacamole. Caramba. Um robalo com gosto de guacamole? Era o coentro.
3
Fui dar outra moeda para Helena: é para seu cofre. Ela responde que não quer, obrigada. O cofre já está bem cheio. Tão cheio que nem consegue mais carregá-lo.
4.
Na saída do médico, Helena falou: já que o doutor disse que não tenho alergia a frutos do mar, quero almoçar só lula e camarão, tudo bem?
5.
Quando Helena viu o tubinho com o sangue dela, no laboratório, gritou, radiante:
— É vermelho!
6.
Helena: Não vou fazer aniversário nunca mais.
Eu: É mesmo? Por quê?
Helena: Porque mamãe falou que eu parei de crescer.
7.
Helena, logo cedo, depois de jogar restos de uma fruta em cima do meu telefone: Tem uma banana presa no celular do meu papai. Coitada da banana!
1.
Helena diz que a picada de pernilongo está coçando. Busco uma pomada que promete aliviar coceiras e besunto o machucado. Ela pergunta se pode passar o dedo em cima. Pode, digo. Ela cutuca o creme e leva a ponta do indicador à boca. Que gosto horrível, reclama. Menina, pare com isso, vai lá lavar os lábios, que é perigoso, é veneno!, recrimino. Ela corre. Pouco depois, volta com a boca toda cheia de espuma, se queixando que agora estava sentindo um gosto horrível de sabonete.
2.
Helena me alerta, assustada: pai, isso daqui está com gosto de guacamole. Caramba. Um robalo com gosto de guacamole? Era o coentro.
3
Fui dar outra moeda para Helena: é para seu cofre. Ela responde que não quer, obrigada. O cofre já está bem cheio. Tão cheio que nem consegue mais carregá-lo.
4.
Na saída do médico, Helena falou: já que o doutor disse que não tenho alergia a frutos do mar, quero almoçar só lula e camarão, tudo bem?
5.
Quando Helena viu o tubinho com o sangue dela, no laboratório, gritou, radiante:
— É vermelho!
6.
Helena: Não vou fazer aniversário nunca mais.
Eu: É mesmo? Por quê?
Helena: Porque mamãe falou que eu parei de crescer.
7.
Helena, logo cedo, depois de jogar restos de uma fruta em cima do meu telefone: Tem uma banana presa no celular do meu papai. Coitada da banana!
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