ANIVERSÁRIOS >> Mariana Scherma
Ficar
mais velha não é bom. A não ser que você seja adolescente e queira logo
completar os 18 anos pra tirar carta de motorista e blablablá. Depois que passa
dos 18, sei lá, fica meio normal. Mas dia de aniversário é uma delícia, nem tô
falando dos presentes porque, na maioria das vezes, logo mais você mal se
lembra do que ganhou. A coisa física é o de menos. Pra mim, o que mais conta é
o impalpável. O carinho, as palavras doces, os abraços de urso, as
surpresinhas... Por esses, eu faria aniversário quase todo mês (se não
aumentasse a idade, que fique claro).
Eu sou das que prefere cartão a presente. E guardo os cartões pra reler. E quando releio sempre choro, é inevitável. Algumas pessoas até saem da nossa vida por diversas circunstâncias, mas aquele recadinho com letra semi-garrancho vai sempre estar na gaveta, pronto pra ser lido quando bater saudade ou quando a autoestima der uma descida ladeira abaixo. Porque é fato: as pessoas destacam suas peculiaridades e suas melhores qualidades nos recados. Aquelas, talvez, que você nem se dê conta que tem, porque as usa no automático no dia a dia.
Neste
meu último cartão, descobri que sou a louca do fitness (isso eu já sabia), que
faço o dia dos amigos mais leve com meu bom humor (isso eu amei saber) e que
ando em um momento muito apaixonado (ando mesmo, confesso). Ano que vem, outras
características devem se juntar a essas e aí a gente percebe que nossa vida é
uma colcha de retalhos quentinha e gostosa. Até pode ter umas partes ásperas,
rasgadas ou descosturadas, mas não se sobrepõem à parte fofa. Ainda bem.
O
que os amigos desse e de todos os outros cartões não sabem é que eles
contribuem muito pra que eu tenha bom humor fácil, riso solto e essas coisas.
Sozinha, a gente não é nada. Sozinha, a gente não faz verão. É tipo uma piscina
só pra você: tem seu valor, mas é mais gostoso com os amigos. Fiquei mais
velha, mas muito grata por ter gente tão querida por perto.
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