UM NOVO PAPA? OU NADA ALÉM DE UM PAPA NOVO? >> Sílvia Tibo
Depois de muita fumaça preta ter ecoado nos ares do Vaticano, teve fim o conclave destinado à escolha do novo representante da Igreja Católica.
Embora eu não me inclua entre seus seguidores, reconheço a grandeza do acontecimento, que, aliás, ganhou destaque (e quase exclusividade) em todos os meios de comunicação nos últimos dias, a ponto de se tornar, inclusive, um assunto cansativo pra grande parte dos ouvintes e telespectadores.
Mas a repercussão do fato não poderia mesmo ser pequena. Afinal, pela primeira vez, elegeu-se um latino-americano para ocupar o posto máximo dentro da hierarquia da Igreja Católica, que é, sem dúvida, uma das instituições mais sólidas do mundo. Sem falar que isso aconteceu logo após a primeira renúncia de um pontífice em quase seiscentos anos.
Confesso que achei positiva a novidade, assim como (acredito eu) a maior parte dos brasileiros, a despeito da famigerada rivalidade que mantemos com os nossos vizinhos argentinos, da qual até nos orgulhamos.
Pode ser que, depois da boa nova, as atenções do mundo se voltem um pouco mais para o nosso Continente, o que já representa alguma mudança e é, sem dúvida, algo positivo. Mas não creio que as transformações irão muito além disso.
A escolha de um papa não europeu representa apenas um pequeno sinal de abertura dentro da Igreja Católica, que, ao que parece, não se flexibilizará a ponto de romper com certos dogmas que já não guardam qualquer coerência e pertinência com o mundo contemporâneo.
“Habemus Papam”! Ok. Mas será que, a partir de agora, teremos mesmo um novo papa? Ou nada além de um papa novo, com os mesmos ideais e valores dos que o precederam?
Torço para que eu esteja enganada, mas custa-me acreditar que a eleição do novo pontífice (que, de cara, já se declarou contrário, por exemplo, ao uso de anticoncepcionais e à união entre pessoas do mesmo sexo) venha a representar a mudança dos rumos da Igreja, com a redefinição de sua missão e a adequação de seus preceitos.
Apesar da descrença, sigo fantasiando dias melhores, em que a Igreja se preocupe menos com o tipo de anel a ser usado por seu novo representante ou com a cor do traje a ser vestido na primeira missa por ele celebrada e passe a despender suas energias e seus recursos financeiros no sentido de pregar (com menos arrogância e mais simplicidade) o respeito às liberdades individuais e às diferenças, quaisquer que sejam elas.
Já que a palavra pontífice vem do latim “pontifex”, que significa “construtor de pontes”, espero ansiosa pelo dia em que o representante máximo da Igreja comece efetivamente a cumprir a função que lhe foi (literal e originalmente) atribuída, derrubando os muitos muros de intolerância que o afastam da realidade e erguendo, em seu lugar, caminhos que o aproximem dos fieis.
Comentários
Beijos, querido!
Obrigada pela leitura!
Grande abraço!
Agradeço pela leitura, pelo comentário carinhoso de sempre... e também por me mostrar a questão sob um outro ponto de vista!
Quero saber mais sobre ele, viu?
Beijinhos...