NO MESMO SOL >> Sandra Modesto
No mesmo sol da manhã
surgia a dor quente.
No mesmo sol que a dor
esquentava o dia cortava o meio.
O dia estava indo e a
dor nada.
No mesmo céu que
cortava o sol ninguém olhava a noite, a dor, o rasgo, o bafo, o trago, o
avanço, a lente, a caricatura, os traços fortes.
No mesmo sol diferente
a remitente canção que ninguém ouviu.
Na mesma canção, um
menino chorava de fome na rua, uma mulher dizia sobre o “escorregão no chão”.
Um homem bradava - se
homem.
Uma história era
esquecida.
Beijos nunca mais.
Abraços nunca mais.
Silêncio. O sol estava
fraco.
No mesmo sol da manhã
Este texto faz parte da antologia Elas e As Letras : Diversidade e Resistência ( 2019)
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