PRAZER, CLARA OU BRANCA OU ANA, VOCÊ ESCOLHE! >> Clara Braga
Confesso, já tive problemas em aceitar meu nome. Problemas em aceitar Clara? Você deve estar se perguntando como isso foi acontecer, afinal, Clara vem de claridade, de paz, de serenidade e tudo mais que você possa imaginar nesse sentido. Mas sim, a pré adolescência é um período maldoso e faz muitas pessoas não gostarem do seu próprio nome.
Tenho consciência de que o meu caso não é dos piores, mas ouvir as pessoas te perguntando onde está a gema ou respondendo “claro, Clara” toda vez que você pergunta algo não é muito legal. Pior do que isso era só ouvir as pessoas cantando “Clara como a luz do sol...” toda vez que eu chegava em algum lugar, cheguei ao ponto de proibir um DJ de tocar essa música em um aniversário meu, se não ela tocaria de 5 em 5 minutos.
Mas como eu disse, foi uma fase. Superei e, apesar de ainda ouvir algumas piadas, afinal, trabalho com crianças e adolescentes, aprendi a dar um sorriso amarelo e ignorar. O problema é que essa questão foi substituída por uma nova fase, que é a fase da vergonha de concertar as pessoas que falam meu nome errado. Poxa, Clara não é um nome complicado, não era para ser tão difícil decorar ou entender. A primeira vez eu até tento concertar:
- Qual seu nome?
- Clara!
- Carla?
- Não, Clara!
- Tá certo Carla, vamos lá então, vou passar o seu treino.
Foi assim que virei Carla na academia.
Tiveram também dois casos recentes no meu novo emprego. O primeiro foi assim:
- Oi, você é nova por aqui?
- Sim, comecei agora.
- Legal, qual o seu nome?
- Clara!
- Bonito nome, prazer!
No dia seguinte:
- Bom dia, tudo bem?
- Bom dia, tudo certo e você?
- Tudo bem! Sabe que ontem fiquei pensando em um jeito de decorar seu nome e cheguei a conclusão de que é só olhar pra cor da sua pele, então não vou mais esquecer seu nome: Branca!
Foi assim que virei Branca na escola. O problema é que teve também o segundo caso:
- Oi! Você está no lugar da Ana?
- Isso!
- Seja bem vinda, qual seu nome?
- Clara!
- Prazer Clara!
No dia seguinte:
- Bom dia Ana, é Ana né?
- Não, Ana era a professora anterior, meu nome é Clara!
- Ah é verdade, confundi, desculpa!
Minutos depois:
- Eai Ana, está gostando da escola?
Foi assim que virei as vezes Branca, as vezes Ana e poucas vezes Clara no meu novo trabalho!
Juro que pensei em concertar, mas algo dentro de mim é mais forte e não me permite fazer isso, não sei, sei que é besteira, mas não consigo... Mas espero que não inventem mais nenhum nome pra mim, já está difícil de lembrar que quando falam Clara, Branca ou Ana é comigo que estão falando. Daqui a pouco entro em crise de identidade.
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